Foto da semana: disfraces a secar na Rua dos Muros, em Avis
Na semana em que a Justiça Portuguesa, essa mãos largas, absolveu o acusado de ter raptado Rui Pedro, diminui em um ano a pena do Carlos Cruz, diminuiu em 4 (quatro) anos a pena do “Violador de Telheiras”; na semana em que se soube que por ordem do Conselho Superior da Magistratura o tribunal de Avis foi forçado a encerrar as portas ao público devido ao estado de degradação em que se encontra o edifício – dia 1 de Março já funcionará em Fronteira; na semana em que as obras da nova Rotunda Célia Patinho já começam a dar a entender como vai ficar o “boneco”; na semana em que apareceram os primeiros cartazes a anunciar o Jantar da Mulher para o próximo dia 10 de Março no Casão da Casa do Benfica; na semana em que recomeçará o projecto “Um concelho a caminhar” com uma caminhada a realizar no dia 26, no Maranhão; na semana em que os foliões de Avis acabaram, o Carnaval com a cerimónia do enterro do Entrudo; na semana em que alguns desses foliões resolveram pôr os disfarces a secar (ver Foto da semana), eis que chega, ao fim de uma ausência prolongada, mais uma Cesta de Poesia. Ainda trazendo até todos vós a poesia de JOSÉ DA SILVA MÁXIMO. O tema de hoje é triste. Talvez que triste demais para uma reaparição. Mas infelizmente todos os dias deparamos com esta realidade. Hoje foi o a vez do Zé da Fraga…
O VELÓRIO
Na pedra fria descansa
Depois da missão cumprida
É o findar duma esp’rança
O terminar duma vida.
As pessoas vão chegando
Junto ao corpo inerte param;
Suas orações rezaram
Ao luto vão-se entregando:
Ouve-se de quando em quando
Um ai que em silêncio avança,
Como um grito de criança
Que já cresceu e viveu,
E agora que pereceu
Na pedra fria descansa
Um triste silêncio cai
Imbuído em comoção,
Chora a irmã e o irmão
Chora a mãe e chora o pai;
Qualquer um estranho vai
Nesta homenagem sentida,
Nesta infausta despedida
Que já ninguém trava agora,
Já fez adeus, vai-se embora
Depois da missão cumprida.
Há quem lhe traga um palmito
Ou uma c’roa de flores,
Das mais variadas cores
Para ficar mais bonito;
Eu até acho esquisito
P’ra quê tamanha abastança
Se a vida mais não alcança
Isso a ninguém aproveita,
Depois da jornada feita
É o findar duma esp’rança.
Deixou o mundo e eis que está
A mercê do Deus Divino
Sem saber qual o destino
Que sua alma levará;
No tempo em que andou por cá
Sua Lei levou vivida,
Hoje, chegada a partida
Dá seu corpo à sepultura,
É o fim da criatura
O terminar duma vida.
26 de Outubro de 2005