sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

CESTAS DE POESIA ( LIII )

Com esta noite de chuva os campos preparam-se para as sementeiras. Daí talvez a razão do nosso amigo LUIS PEDRO DUARTE nos brindar com estas décimas que falam de "sementeiras"

Mote:
PEDI UM CONSELHO A DEUS
PARA TER MAIS ALEGRIA
DEUS MOSTROU-ME A TERRA E DISSE:
TRABALHA, SEMEIA E CRIA!


I
ESTANDO UM DIA ABORRECIDO
SEM SABER O QUE FAZER
SABENDO QUE PODIA SER
UM DIA SURPREENDIDO
SE SOUBESSE UM DIA TER TIDO
TODOS OS BONS SONHOS MEUS
IMPLORANDO AOS CÉUS
QUE ME DESSE SATISFAÇÃO
DE DENTRO DO CORAÇÃO
PEDI UM CONSELHO A DEUS!

II
JÁ COM MAIS ESPERANÇA NA VIDA
PUZ-ME UM DIA A PENSAR
COMO É QUE HEI-DE CHEGAR
A UMA IDÉIA FLORIDA;
QUE A SORTE SEJA SEGUIDA
SEM QUE HAJA FANTASIA
PARA VIVER SEM ARRELIA
SE EU ANTES O SOUBESSE
PEDI AO DIVINO MESTRE
PARA TER MAIS ALEGRIA!

III
ESTIVE A MEDITAR UM MOMENTO
QUE A VIDA NÃO SÃO SÓ ROSAS
TAMBÉM TEM HORAS PENOSAS
DE UMA DÚZIA A UM CENTO;
SUPORTAR-SE COM TALENTO
SE A VIDA SE CORRIGISSE
E NUNCA DESSE CHATICE
PARA MELHOR CONHECER
PARA NÃO ME ABORRECER
DEUS MOSTROU-ME A TERRA E DISSE!

IV
FUI PENSANDO ENTÃO CONTENTE
JULGANDO-ME MAIS FELIZ
A CONSCIÊNCIA ME DIZ
IR COM A VIDA PARA A FRENTE;
FAZER VER A TODA A GENTE
QUE SE PODE ALCANÇAR UM DIA
TENDO ALGUMA REGALIA
DAQUILO QUE POSSO FAZER
PORQUE ALGUÉM ME VEIO DIZER
TRABALHA, SEMEIA E CRIA!

AUTOR: LUÍS PEDRO DUARTE/AVIS

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

OS DINOSSAUROS DO SÉCULO XXI

Foto: "...um poste...que mais parece um dinossauro da época moderna."

Nas imediações da divisão entre os concelhos de Avis e de Fronteira, no sentido Avis-Fronteira e depois de um vale por onde a estrada serpenteia por umas curvas, aparece-nos do lado esquerdo, um outeiro bastante arredondado que por esta altura do ano já apresenta a cor verde que, por força das chuvas caídas ultimamente, lhe dá as ervas entretanto nascidas. Por vezes passava ali e uma manada de vacas apascentando-se pachorrentamente, dava-me sempre a ilusão de uma calma, um bem estar, que aquele morro se transformara num dos meus outeiros preferidos. Acima de tudo era agradável à vista. Passei lá recentemente e fiquei abismado, pois que toda a beleza da referida colina foi “assassinada” com a colocação de um poste enorme, direi mesmo enormíssimo, que mais parece um dinossauro da época moderna. Quem olhar mais para a esquerda verá que outros “dinossauros” aparecem em linha recta que, depois, se estendem para o lado direito da estrada, a perder de vista.
Agora, pensando melhor, já não sei se se assemelham a dinossauros se aos moinhos de D. Quixote de la Mancha. Só que com uma diferença: os moinhos eram irreais e estes, infelizmente, são bem reais.
Uma coisa sei eu: o meu outeiro perdeu toda a beleza que tinha, por força de um bicho que dá pelo nome de homem que tudo sacrifica em defesa por vezes nem ele sabe de quê.
Nota: o meu colega "TUDO E MAIS ALGUMA COISA EM...AVIS" já tinha pressagiado este facto em 29 de Dezembro de 2007 ( Aproveito para saudar o seu regresso e pedir-lhe que não esteja tanto tempo sem nos dar... tudo e mais alguma coisa, em Avis!)

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

APAVORA-ME!


APAVORADO! É assim que me sinto perante a onda, direi, perante o autêntico Tsunami de despedimentos que assola Portugal. Sei que neste momento o fenómeno é a nível Mundial mas, como me costumava dizer uma vizinha minha, com o mal dos outros se dá a gente bem, embora pessoalmente não concorde totalmente com tal e saiba, por outro lado, que quanto mais perto de nós as coisas acontecem mais nos tocam: Apavora-me muito mais o facto do encerramento da Lactogal em Avis do que o encerramento de uma fábrica da Philips na Alemanha...
Apavora-me ouvir os noticiários, e aperceber-me de que todos os dias hajam fábricas a fechar, todos os dias hajam empresas a falir, todos os dias hajam contratos a não serem renovados, todos os dias hajam pessoas a engrossarem a lista de desempregados. Que aflição não terá um casal com encargos financeiros calculados na base dos seus rendimentos auferidos por trabalho por conta de outrem e, de repente, constatar que um dos elementos, e quantas vezes os dois elementos do casal, se vêem no desemprego. Que aflição não deve ser estar-se perante uma situação destas. Mas as empresas que fecham, que vão à falência, na maioria dos casos teem garantida a salvaguarda económica dos seus patrões.
Apavora-me o facto indesmentível de que a falta de emprego vai dar, irremediavelmente lugar a maior criminalidade.
Se por um lado me apavora o facto de ser velho, de estar cada vez mais próximo do meu fim, de ter medo até de “ser velho”, a verdade é que me dá o privilégio de poder afirmar que enquanto trabalhador por conta de outrem, tive um emprego estável e duradoiro, coisa que hoje ninguém pode garantir que lhes aconteça.
Numa palavra: APAVORA-ME o futuro de todos nós!

domingo, 25 de janeiro de 2009

À VOLTA DO PLÁTANO...

Foto 1 - "Este tempo de Inverno dá-lhe um aspecto fantasmagórico!"

Foto 2 - "...os suportes de ferro dão o ar de um ser inválido amparado por canadianas..."






O Plátano de Portalegre, está grande…mas está velho.
Com 170 anos feitos, possui uma copa de 38 metros de diâmetro, 111 de perímetro e o seu tronco tem 5,90 de perímetro e mais de 30 metros de altura, tendo sido considerada de interesse público em 1939. Possui a maior copa da Península Ibérica. Foi plantado em 1838 pelo botânico Dr. José Maria Grande. Este tempo de Inverno dá-lhe um aspecto fantasmagórico!
O Plátano do Rossio de Portalegre está enorme.
Cresceu muito nestes últimos 50 anos. Estive ao pé dele na passada sexta-feira e senti-me tão pequenino debaixo dele… Talvez tão pequenino como me sentia nos idos anos 60 do século passado quando, ele e eu éramos ambos mais pequenos. Eu ia a caminho do Liceu Nacional de Portalegre e por ali fazia um descanso. É que estando “hospedado” numa casa situada no então chamado Bairro dos Carteiros, lá para as bandas do Seminário, tinha que percorrer 4 vezes diariamente o trajecto entre a minha casa de hospedagem e o Liceu que ficava precisamente no outro extremo da cidade, lá já para os lados da Fábrica da Rolha, depois de subir toda a Rua do Comércio. A Fábrica da Rolha…era certo e sabido – fumo para a cidade era sinal de chuva por perto.
Quantas histórias terá aquele “monumento vivo” para contar… foi ali, debaixo do plátano, que foi fundada a primeira Sede do Sport Club Estrela. Uma placa colocada junto ao seu tronco relembra-no-lo. As rivalidades entre o Sport Clube Estrela e o Desportivo Portalegrense eram demasiado evidentes: o Estrela era dos “pés descalços” e o Desportivo era das elites. Tiveram ambos o mesmo destino desgraçado. Quantos encontros amorosos por ali se terão combinado, quantos negócios de gado, palhas, sei lá mais o quê!
Se ele, plátano, se lembrasse (mas a memória certamente que já o atraiçoa) recordar-se-ia de um rapazinho franzino que nos tais momentos em que por ali descansava, cansado da distância e do peso dos livros, ia reparando nas bonitas mini-saias e nas belas pernas que elas emolduravam. À altura ainda não tinha chegado a abominável moda das calças. Havia poucas e as que havia eram á boca de sino, que tinham a sua piada mas nada que se pudesse comparar a uma mini-saia bem “encorpada”… Esse rapaz franzino, além de olhar atentamente para as mini-saias também olhava com “inveja” para os colegas estudantes que se davam ao luxo de usar uma capa e batina para levarem para o Liceu. Eram a minoria e eu…pertencia à maioria. Mas sempre sonhara em um dia ter uma capa e batina. Fiquei-me pelos sonhos pois que apesar de nunca ter chumbado nos meus estudos – e de ter sido vários anos aluno de quadro de honra que dava direito a isenção do pagamento de propinas - estes não foram além do Liceu, por motivos económicos, e usar capa e batina num emprego, parece que não ligava lá muito bem. Se duvidarem disto, perguntem ao velho plátano.
Lá mais acima, onde se encontra actualmente o Café do Tarro havia uma cascata, linda de morrer! Mas, como diria um meu amigo de nome João Feio, o vil capitalismo, resolveu destruí-la para dar lugar a um vulgar café. Na cascata faziam-se altares pelo Santos Populares adornados por belos bailaricos. Recordação puxa recordação: e o Jardim da Corredoura? Bonito de se ver, com as suas enormes árvores que no Verão escondiam um ou outro namorico mais adiantado que se conseguia arranjar. Sim, porque nos anos 60 do Século passado, também em matéria de namoricos, as coisas não se passavam como agora. Duvidam? Perguntem ao velho plátano! E ele que vos diga se não é verdade que junto ao monumento evocativo dos Combatentes da Grande Guerra, ali mesmo junto dele, eu lá fui uns anos, em pleno Inverno, de calções e manga arregaçada, integrado num grupo da Mocidade Portuguesa a prestar homenagem àqueles que perderam a vida em defesa da Pátria.
Na passada sexta-feira quando me afastei dele tive pena, muita pena. Pena do seu estado de velhice a que os ferros de suporte dão o ar de um ser inválido amparado por canadianas e pena de eu já ser igualmente um velho que, embora sem canadianas, já não consegue ver as lindas mini-saias que se passeavam pelo Rossio ou que passavam a caminho de casa.
Ser velho é uma tristeza, quer se seja um plátano quer se seja um “cota”!

P.S.: É de toda a justiça que fique aqui registado o modo atencioso como fui atendido por dois funcionários da Loja da Robialac que, por coincidência se situa mesmo junto ao Plátano. Profissionalismo e competência ficam bem em todo o lado mas são cada vez mais uma raridade.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

CESTAS DE POESIA ( LII )

O tempo não pára.
Parece que foi ontem que se iniciaram as “Cestas de Poesia” e eis-nos chegados às “Cestas” nº 52. Trocado por miúdos: já fazem um ano. E sempre com a reprodução de Décimas que recolhemos junto dos seus autores, a maior parte deles anónimos poetas esquecidos.. Quando se iniciaram sabíamos que iriam durar algum tempo, não sabendo quanto, mas se calhar menos do que já duraram.
Agora, atingido este patamar, estamos em crer que se aguentarão pelo menos mais um ano. Por aqui passaram já nomes que apetece recordar: JOÃO JOAQUIM CARRILHO, JOAQUIM JOSÉ LOURENÇO, JOÃO ANTÓNIO GUILHERME, ANTÓNIO HENRIQUES, MANUEL DOMINGOS RODRIGUES, JOÃO MOREIRA e presentemente o nosso amigo LUIS PEDRO DUARTE.
Todos avisenses – por afinidades ou nascimentos - e felizmente ainda todos vivos. Para eles os parabéns “DO CASTELO”.
E feita que foi a referência mais que merecida àqueles que tornaram possível este primeiro ano de divulgação de poesia popular, coisa que parecia difícil – e mais difícil já que até agora sempre o foi em décimas, repetimos – vamos ao trabalho de hoje de autoria do já referenciado amigo LUIS PEDRO DUARTE em que nos relata algo que também parece difícil de acontecer…mas que acontece.


Mote:
HÁ DUAS COISAS NO MUNDO
CUSTOSAS DE ENTENDER;
É O PADRE IR PARA O INFERNO
E O CIRURGIÃO MORRER!

I
TEMOS MESMO QUE ACREDITAR
EM TUDO QUE DEUS MANDOU
PORQUE FOI ELE QUE FORMOU
TUDO QUE NOS FAZ PENSAR;
PARA DEPOIS MEDITAR
NUM SENTIMENTO PROFUNDO
NUMA HORA OU NUM SEGUNDO
HAJA AQUILO QUE HOUVER
PARA PODERMOS DIZER
HÁ DUAS COISAS NO MUNDO!

II
ACREDITAMOS QUE É VERDADE
E EM TUDO MAIS QUE SE VISSE
E QUE MAIS SE CONSEGUISSE
NO QUERER DA HUMANIDADE,
FAZER VER A SOCIEDADE
NA CERTEZA DO BEM QUERER
SE ASSIM PUDESSE SER
OU ATÉ SE ASSIM SERÁ
MUITAS MAIS COISAS HÁ
CUSTOSAS DE ENTENDER!

III
LÁ DIZ O VELHO DITADO
TUDO QUE EXISTE FAZ FALTA
ACREDITE OU NÃO A MALTA
TUDO NOS ESTÁ CONFIRMADO,
O EXEMPLO NOS ESTÁ DADO
PARA ASSIM LHE SER SINCERO
MESMO QUE NÃO SEJA ASSIM QUE QUERO
EU DIGO E TENHO RAZÃO
O QUE ME FAZ ADMIRAÇÃO
É O PADRE IR PARA O INFERNO!

IV
ESTÁ ASSIM FORMADA A VIDA
QUER A GENTE QUEIRA OU NÃO
TEMOS QUE ACREDITAR POIS ENTÃO
SEJA CURTA OU COMPRIDA,
POR MAIS QUE ELA SEJA QUERIDA
É AQUILO QUE PODE SER
TEMOS MESMO QUE QUERER
NÃO HÁ QUE COMPARAR
O QUE FAZ ADMIRAR
É O CIRURGIÃO MORRER!

AUTOR: LUÍS PEDRO DUARTE/AVIS

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

A RESPOSTA DO DIA (de ontem...)

No dia de tomada de posse do 44º Presidente dos Estados Unidos da América, a SIC, no seu programa “Nós por cá”, que vai para o ar entre as 19 e as 20 horas, quis estabelecer paralelos entre a Casa Branca de Washington e a Casa Branca de Sousel, transmitindo desta última uma reportagem televisiva.
Em resposta à pergunta do jornalista, sobre qual o nome do novo Presidente dos Estados Unidos, um habitante de Casa Branca de Sousel, respondeu:
- É o BARRACA ABANA.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

"CAFÉ COM LETRAS" É NA ACA

Quinta-feira, 22 de Janeiro, é dia de mais um Café com Letras, como é habitual às 18 horas na Sede dos Amigos do Concelho de Aviz – Associação Cultural.
Como convidado estará o Eng.º Joaquim Pífano
que se vai sentir como “abelha no mel” já que o tema deste café será “CONVERSAS À VOLTA DO MEL” e como todos sabemos o Engenheiro é um especialista nesta matéria. Só por motivos de força maior deixarei de estar presente. A notícia aqui fica, para que conste e ninguém diga que não sabia.
Até a si, que nunca vai aos “Cafés com Letras”, aqui lhe deixo um rebuçadinho de puro mel que nos é oferecido pelo Maranhão.
Passe por lá clicando no dito!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

GOSTEI!


Não sou amante da neve ao ponto de me deslocar daqui à Serra da Estrela para a ver. No entanto quando “dou” com ela confesso que me impressiona. O monocromático do solo branco e o contraste do céu azul cria um ambiente convidativo à introspecção.
Foi o que me aconteceu no passado dia 10. Parece que todas as placas indicavam, não a direcção das localidades, mas todas as direcções em que havia neve.
Gostei!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

CESTAS DE POESIA ( LI )

LUIS PEDRO DUARTE, sempre que pode, demonstra-nos o respeito que tem pelo SER superior que o domina, um Deus em quem acredita piamente.
Tal fica mais uma vez demonstrado nas seguintes décimas, feitas a partir de uma quadra arranjada à sua maneira:
Mote:
É TÃO BOM SER PEQUENINO
TER PAI TER MÃE TER AVÓS
E TER ESPERANÇA NO DESTINO
E TER QUEM GOSTE DE NÓS

I
APENAS QUE EU NASCI
E ABRI OS OLHOS P’RÓ MUNDO
NUM SENTIMENTO PROFUNDO
FOI ASSIM QUE EU CRESCI,
NUMA ESPERANÇA VIVI
ERA ASSIM O MEU DESTINO
AGRADECER AO DEUS MENINO
PARA O MUNDO CONHECER
PARA DEPOIS PODER DIZER
É TÃO BOM SER PEQUENINO!

II
POR MINHA MÃE FUI EMBALADO
CANTAVA-ME PARA DORMIR
DAVA-ME BEIJOS A SEGUIR
PARA QUE EU ESTIVESSE CALADO,
PARA DORMIR DESCANSADO
OS DOIS FICÁVAMOS SÓS
PARA OS CONTRAS E OS PRÓS
TALVEZ PARA TODA A GENTE
PARA DIZER-NOS CONTENTES
TER PAI TER MÃE TER AVÓS!

III
DEUS DEU-ME DEPOIS DE MAIOR
INTELIGÊNCIA PARA PENSAR
E ASSIM ME DESVIAR
DE TUDO QUE FÔR PIOR;
E PODER ESCOLHER O MELHOR
COM A AJUDA DO DIVINO
SER GRANDE OU SER PEQUENINO
DE DENTRO DO CORAÇÃO
TER UMA FORMA DE EXPRESSÃO
E TER ESPERANÇA NO DESTINO!

IV
PARA SE SABER AVALIAR
O DESTINO QUE NOS CABE
AO NASCER NUNCA SE SABE
O QUE PODEMOS PASSAR;
O SOFRER OU O GOZAR
É UM DESTINO ATROZ
E QUANDO VIVEMOS SÓS
SEM TERMOS QUEM NOS VIGIE
É BOM TERMOS QUEM NOS GUIE
E TER QUEM GOSTE DE NÓS!

AUTOR: LUÍS PEDRO DUARTE/AVIS

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

DUAS BOAS NOTÍCIAS

Foto 1: A placa das "cabeçadas" foi retirada.
Foto 2: O Jardim do Mestre já esta "aberto ao público"



Duas boas notícias são sempre duas boas notícias: primeira- a placa das “cabeçadas” foi retirada; segunda- o Jardim do Mestre já está ”aberto ao público”.
Quanto à primeira, é claro que se tratou da mais elementar questão de bom-senso. A placa estava ali mal, tal como estava uma que existiu na confluência da Rua do Outeiro da Saudade com a Rua Machado Santos. Mas faz falta! Há que colocá-la de modo que a informação continue a ser prestada. Ninguém pense no entanto que “DO CASTELO” se arvorará alguma vez a querer ser o responsável pelo facto da placa ter sido retirada. É claro que há coisas muito mais importantes para resolver no nosso concelho e mal (pior) iríamos nós se os nossos governantes locais perdessem tempo com observações casuais como era o caso.
Quanto ao Jardim gosto, se bem que me pareça que as grades lá ao fundo não podem dar muita folga de atenção a quem para ali vá com miúdos pequenos. Parecem-me com intervalos demasiados largos e um perigo eminente para as crianças.
Os primeiros comentários às obras do Jardim já os ouvi hoje. Uma anciã dizia alto e bom som para um adolescente que por ali se encontrava: "Oxalá agora vocêses não escavaquem tudo o que aqui se fez…”
Um poeta popular,
de inspiração repentista diz-me a sorrir:

O Jardim da Meia-Laranja
Está um pouco mal tratado,
Até dá para fazer canja
...Parece um frango depenado!

Quando as árvores cresceram e as folhas se multiplicarem, tudo vai ser diferente. Não consegui responder ao desafio do poeta repentista, mas porque gosto (para já... ) do Jardim tal como está, esforcei-me e eis a resposta que lhe dou:

Mas eu que gosto de canja,
Seja de arroz ou de massa,
Como-a no Meia-Laranja
E convido quem lá passa!

Mas muito mais se vai ouvir dizer. A favor e contra.
Então as pessoas não podem falar? Essa agora!


segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

TUDO COMO DANTES...

FOTO: "Alguém ...resolveu escrever e colar numa das tais fiadas...PARTE CABEÇAS!


Reporta-se a 3 de Setembro de 2002, e ao Jornal Aponte, a seguinte notícia que reproduzimos na íntegra:

“Em Avis há que ter cuidado com as

Placas Assassinas

Ninguém duvidará da extrema utilidade que possuem as placas informativas dos pontos mais importantes de uma localidade. No entanto, pelo menos em Avis, as mesmas representam um perigo pelo motivo que passamos a expor.

Algumas delas encontram-se no meio dos passeios e colocadas a uma altura um pouco inferior à cabeça duma pessoa de estatura média, e assim passível de inadvertidamente se embater nelas, como se poderá verificar na foto acima. Pensamos que esta situação se resolveria colocando as placas encostadas às paredes ou retirando aquelas fiadas inferiores que por enquanto nada indicam, ou então, com a colocação de dois suportes de apoio em vez de um. Assim, efectivamente, só lá bateria quem quisesse passar por baixo delas.
A quem de direito deixamos o nosso reparo e insatisfação.”
Uma foto ilustrava esta informação com a presença de uma senhora junto á placa que se encontra nas imediações da Caixa Geral de Depósitos, com a seguinte legenda: Nesta placa já bateram duas pessoas que tiveram que ser suturadas no Centro de Saúde de Avis” – fim de citação

Ora bem, decorridos seis anos a situação mantém-se. Eu próprio já lá bati e só não parti os óculos que foram parar no chão, porque à boa maneira portuguesa, ainda tive sorte. No passado dia 9 deste mês a “maldita” placa fez mais uma vítima, tal como acontecera na semana anterior. A senhora do dia 9 lastimou-se num loja das proximidades, mostrando o hematoma na testa. Quantos haverão que nem se “queixam”?

Alguém com espírito apurado de observação e de crítica assertiva resolveu escrever e colar numa das tais fiadas que lá estão a mais: PARTE CABEÇAS. Efectivamente aquelas fiadas daqui a uns anos poderão servir para indicar, por exemplo, ZONA DESABITADA ou CONJUNTO DE PRÉDIOS DEGRADADOS,lá para as bandas de cima, mas por enquanto também nós concordamos que não se justifica a sua existência. Um papel branco colocado no suporte vertical será para ir assinalando o número de vítimas desta placa?
Será que daria muito trabalho colocá-la noutro local onde se tornasse igualmente eficaz em termos de sinalização mas nada perigosa para os transeuntes?
Resta-nos uma consolação: naqueles dias em que nos encontramos tão deprimidos, mas tão deprimidos, que até nos apetece bater com a cabeça numa parede, olhe não o façamos pois que poderemos estragar a parede… batamos antes com a cabeça na placa!
Vai lá, vai!

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

CESTAS DE POESIA ( L )

Já vos tinha chamado a atenção para os sentimentos religiosos que norteam o amigo LUIS PEDRO DUARTE.
Com formação católica e praticante, tal reflete-se em muita da sua poesia, como acontece nas décimas que hoje aqui vos trago:
Mote:
OBRIGADO MEU JESUS
PELO VOSSO GRANDE AMOR
PERDOAI-ME SE FIZ MAL
E AJUDAI-ME A SER MELHOR!

I
SÓ TENHO A AGRADECER
A JESUS SACRAMENTADO
BENDITO SEJA LOUVADO
POR NESTE MUNDO VIVER;
ACREDITO E TENHO QUERER
UMA ESTRELA ME CONDUZ
VOU CUMPRIR A MINHA CRUZ
SEMPRE ATÉ MORRER
PARA ASSIM PODER DIZER
OBRIGADO MEU JESUS!

II
É O DEVER DE UM CRISTÃO
É EM DEUS ACREDITAR
PARA SE CHEGAR AO ALTAR
E RECEBER A COMUNHÃO;
REZAR COM DEVOÇÃO
CONFESSANDO-SE AO PRIOR
QUE REPRESENTA O REDENTOR
REZAR NUNCA É DEMAIS
AGRADECERMOS SEMPRE MAIS
PELO NOSSO GRANDE AMOR!

III
QUANDO O MUNDO SE CRIOU
NO TEMPO DE EVA E ADÃO
FOI DEUS QUE LHE DEU O CONDÃO
E QUE TUDO SE GEROU;
E TUDO MAIS SE PASSOU
DEIXOU DE EXISTIR O MAL
REINAR O BEM ESPIRITUAL
E PERDOAR NOSSOS PECADOS
SE NÃO CUMPRIR ESSES DADOS
PERDOAI-ME SE FIZ MAL!

IV
NO TEMPO DO ANTIGAMENTE
HAVIA MAIS SINCERIDADE
HAVIA ATÉ MAIS BONDADE
NO VIVER DE TODA A GENTE;
HAVIA MAIS HOMEM CRENTE
POIS HAVIA SIM SENHOR
O MUNDO NÃO ERA PIOR
HAVIA MAIS COMPREENSÃO
SE EU NÃO FÔR BOM CRISTÃO
AJUDAI-ME A SER MELHOR!

AUTOR: LUÍS PEDRO DUARTE/AVIS

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

AMIGOS DE AVIS: UM RECOMEÇO DE ACTIVIDADES À ALTURA DOS SEUS PERGAMINHOS

Café com Letras: 08 de Janeiro - RUTE REIMÃO
22 de Janeiro - JOAQUIM PÍFANO

Após um “demasiado longo” período de hibernação, eis que os Amigos do Concelho de Avis – Associação Cultural, recomeçam a sua actividade habitual. Para já, retomarão amanhã, dia 8 de Janeiro, aquela que é uma actividade que já vai no quinto ano consecutivo e que se realiza quinzenalmente, entre Janeiro e Junho: o seu CAFÉ COM LETRAS.
Querendo marcar esta reabertura em força, convidaram nada mais, nada menos, que um “peso pesado” da arte de desenhar na nossa terra: RUTE REIMÃO. A D. Rute dispensa apresentações. O título do tema de conversa também não poderia ser mais expressivo: "DESENHO DE AFECTOS”.
Quem conhece a D. Rute sabe o amor, a dedicação, o afecto que dedica aos seus desenhos. Estão, pois, assim reunidos os ingredientes para que este Café com Letras seja um êxito semelhante a tantos dos anteriores 69 que já realizaram.
Pediu-me a Direcção da ACA para avisar que o frio não se fará sentir na sua Sede a partir das 18 horas de amanhã, pois que além do calor humano haverá aquecedores suficientes para tornar o ambiente ameno.
Ah! As entradas são livres, para sócios e não sócios, e pode sempre beber-se um cafezinho ou um chá bem quente.
De que está à espera para aparecer? Aquela rapaziada da ACA merece ser ajudada, e a sua presença é a ajuda de que eles necessitam para continuar com esta iniciativa e “descobrirem” ainda mais e novas iniciativas de interesse.
(Nota final: o cartaz divulgador do evento será algo parecido com o aqui exibido...mas para melhor. Muito melhor!)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

PIADINHA DE MAU GOSTO...




Novo patrocínio dá vinte milhões de euros por ano ao glorioso.
O SL Benfica anunciou no seu site oficial que irá mudar o seu emblema. Assim, mudará a velhinha águia, pelo elefante do Jumbo.
Desta forma, mostrará a grandeza do clube, as orelhas do presidente e as trombas dos 6 milhões de benfiquistas à segunda-feira.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

CESTAS DE POESIA ( XLIX)

Foto: LUÍS PEDRO DUARTE: "Olhe, é aqui nesta mezinha que à noite faço os meus versos"


Durante o ano de 2009 vamos tentar manter estas “Cestas de Poesia” por quanto tempo conseguirmos e esperemos que seja por muitas mais semanas.
Para poeta dos meses de Janeiro e Fevereiro já nos desenrascámos. O nome do nosso convidado é LUIS PEDRO DUARTE.
LUÍS PEDRO DUARTE,
nasceu em Aldeia Velha de Santa Margarida, concelho de Avis, a 30 de Julho de 1929. Sempre foi trabalhador agrícola por conta de outrem, sendo que o patrão que teve durante os 64 anos em que trabalhou foi sempre o mesmo: o Sr. Joaquim Botas. Só no Monte de Rui Vaz trabalhou durante quarenta anos seguidos. É obra!
Possui a 4ª classe que conseguiu já em adulto, com 25 anos de idade. Desde a mocidade que sente inclinação para a poesia. Na altura começou nas tabernas e bailaricos com cantigas à desgarrada e só mais tarde se dedicou à “arte” de fazer décimas. “Olhe é aqui nesta mesinha que à noite faço os meus versos”, diz-nos enquanto lê um escrito recente. Crente convicto e cristão católico praticante, o Sr. LUIS PEDRO DUARTE dedica grande parte da sua obra a homenagear o Ser Superior que o (nos) rege. No entanto não deixa igualmente de fazer décimas a criticar situações que lhe pareçam menos bem e fá-lo sempre que para isso tenha tema pois que inspiração não lhe falta.
Ora é precisamente por aí que vamos começar, pela crítica.
Depois terão tempo de comprovar o cariz religioso da maioria da sua obra.


Mote:

FAZ-TE CIGANO E VEM
PARA ESTA TERRA MORAR
TENS AQUI AS ENTIDADES
PARA SEMPRE TE APOIAR


I
EM POUCAS TERRAS DEVE HAVER
ONDE HAJA DEMOCRACIA
O QUE SE VÊ TODO O DIA
NÃO DÁ PARA ENTENDER;
NÃO PODEMOS PERCEBER
NEM QUE SE PERGUNTE A QUEM
TODOS DIZEM COM DESDÉM
ACONTECE A UM QUALQUER
SEJA HOMEM OU MULHER
FAZ-TE CIGANO E VEM!


II
ERA MUITO BOM QUE HOUVESSE
NESTA TERRA IGUALDADE
QUE HOUVESSE MENOS FALSIDADE
É O QUE O POVO MERECE
E SEMPRE RAZÃO SE DESSE
O POVO A RECLAMAR
UNS E OUTROS A OLHAR
SEM DAR VONTADE DE RIR
SE ÉS CIGANO PODES VIR
PARA ESTA TERRA MORAR!


III
EU TENHO ANDADO A PENSAR
E COM TRISTEZA E MÁGOA
O CIGANO NÃO PAGA A ÁGUA
E EU TENHO QUE A PAGAR;
AO QUE HAVÍAMOS DE CHEGAR
COM TANTAS DESIGUALDADES
COM TANTAS FACILIDADES
MESMO QUE SEJA MARGINAL
TUDO QUE FAZES NÃO FAZ MAL
TENS AQUI AS ENTIDADES!


IV
ÉS CIGANO OU MARGINAL
NESTA TERRA ÉS RECOLHIDO
TALVEZ ATÉ SEJAS QUERIDO
PORQUE NÃO TE TRATAM MAL;
ODEIA-TE A TI O PESSOAL
QUE TE QUEREM EXPULSAR
QUEREM-TE VER ABALAR
NÃO GOSTAM DE TI, NÃO
MAS ALGUÉM TE DÁ RAZÃO
PARA SEMPRE TE APOIAR

AUTOR: LUÍS PEDRO DUARTE/AVIS

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

PURO MASOQUISMO!

Nunca me apercebi de algo que tenha alterado para melhor com a mudança do ano: termino um a comer passas e inicio o outro a fazer o mesmo. Este ritual repete-se há “n” anos e não passa disto. Este ano teve uma novidade: a minha mulher “descobriu” que dá sorte passar o ano a mexer em dinheiro e, afinal, quem ganhou com a inovação foi a minha miúda que acabou por ficar com mais três notas (das pequenas, claro) para o seu mealheiro.
Mas vamos lá ver se eu consigo explanar de uma maneira minimamente perceptível aquilo que pretendo. Despedimos-nos sempre de um ano com uma louca alegria, igualzinha à alegria com que abrimos os braços a um novo ano. Foi assim na passagem de 2007/2008 e se recuarmos no tempo, sempre assim tem sido. Mas há coisas que eu não compreendo: então se o ano que aí vem, (refiro-me a 2009) sabemos todos de antemão que vai ser pior do que o que passou, porquê recebê-lo com tantas mordomias? Então não vão aumentar as portagens, a electricidade, o pão, os medicamentos, e um rol infinito de bens essenciais? Então 2009 não vai ser um ano em que as mentiras politico/partidárias em busca de um tacho para certos figurões e seus amigos nos vão entupir os ouvidos vezes sem fim? E isso é bom? Não estamos todos fartos de mentiras? Até parece que não. E têm dúvidas que em 2009 vão morrer pessoas que nos estão próximas (porquê não nós próprios?) e outros nossos amigos vão aparecer com novas e preocupantes doenças? Não vamos faltar às velhas promessas de que a partir do ano novo vamos fazer uma vida mais saudável e equilibrada?
E os tiros à meia-noite? Ah! Essa só mesmo para nos fazer lembrar que há muitos caçadores falhados que não conseguindo matar caça, tentam pela passagem do ano matar algum morcego ensonado. Os tiros de pistola que por aí se ouvem, às vezes até parecem que soam a ilegais...
A mim, esta cena, entristece-me sempre pois trazem-me à memória alguns locais onde, àquela precisa hora, se dispara a sério para matar seres humanos. Onde se mata e se é morto.
“Resumindo e concluindo” como costuma dizer um grande meu amigalhaço quando vê que a conversa já está comprida e ainda tem muito para dizer mas necessita de prender o ouvinte: que nos tenhamos despedido de 2008 com um certo alívio ainda se tolera, mas apenas por mero masoquismo se pode celebrar a chegada de um ano que, como o de 2009, se avizinha tão carregado de energias negativas.
Enfim, cada um sabe de si.