domingo, 30 de janeiro de 2005

VERDADES "QUADRADAS"

Dando uma vista de olhos por alguns dos muito ( embora não tantos quanto eu gostaria) livros de poesia que possuo, dei com este poema duma actualidade profunda, escrito por DOMINGOS FREIRE CARDOSO, de Ìlhavo, que em relação ao adágio popular “ Muita palha e pouco grão” escreveu assim:


OS POLÍTICOS DA NAÇÃO

Eu não sei se é de agora
Que sofremos deste mal
Ou se o mal já vem de outrora
Indo além de Portugal.

Será que o que nós sofremos,
À mercê destes políticos,
É mesmo o que merecemos
Ou somos nós muito críticos?

P’ra não falar por falar
E ver se temos razão
Vamos, então, relembrar
O que fazem e o que são.

Vão aos mercados e feiras
“Apertar o bacalhau”,
dar beijinhos às peixeiras,
perguntar p´lo carapau.

O partido é o da esperança,
De todos o mais fantástico,
Dão festinhas à criança,
Dão saquinhos de plástico.

Com falinhas de veludo,
Poses p’ra televisão,
Dizem que vão mudar tudo,
Prometem emprego e pão.

Com pontaria certeira,
Estes galantes marotos,
Só lhes falta a caçadeira
Para apanharem mais votos.

Pensando que a gente é lerda,
Com chavão sempre à espreita,
Vão puxando p’ra esquerda,
Empurrando p’ra direita.

Gastam rios de dinheiro
P’ra ganhar as eleições
Mas...chegando ao poleiro
Lá se vão as intenções.

O que era urgente....que espere!
O que é preciso...dispensa-se!...
Vê o povo o que não quer
E do que não tem ...isenta-se...

O que era bom...já não é!...
O que era mau...inda presta!...
E o povo, perdendo a fá,
Diz que é tudo a mesma festa...

As grandes prioridades
-P’ra não falar das “paixões”..._
não passam de novidades
conforme as ocasiões.

O dinheiro é pouco e raro
E o povo que se aguente...
Vai ficando tudo caro,
Nada há que não aumente.

À espera nos corredores
Dos hospitais entupidos
Lá gemem, com tantas dores,
Os doentes e os feridos.

As crianças crescidotas
-Formigas já com catarros-
Em vez da escola e das notas
Querem cerveja e cigarros...

O desemprego a subir
E as fábricas a fechar
O melhor mesmo é fugir
Antes disto naufragar.

A quem é por conta de outrém,
E a trabalhar se esfarrapa,
Não foge qualquer vintém
E aos impostos não escapa.

Mas quem trabalha por si
E diz ser pouco o que aufere
Vai de férias p’ra o Taiti,
Tem mansão e tem chofer!...

Mas quando o governo muda
E passa a ser de outra cor
Fica esta arraia miúda
Na mesma ...ou talvez pior...

Vai assim este país
Nos seus podres definhando
E ser um pouco feliz
Não se sabe como e quando.

A gente que nos governa
Muito séria pode ser,
Mas anda a passar a perna
A quem já vive a sofrer.

Nada há que seja novo
No passado e no presente;
Enchem a boca co'o povo
Mas depois...tudo é dif'rente!...

Como um gato já escaldado
Pode o povo até votar
Mas já se sabe o resultado:
O cinto é sempre a apertar!...

Se, descontente, não vota
E à praia vai passear
A si mesmo se derrota
Sem ter a quem se queixar.

Dos políticos da Nação
É raro o que se aproveita;
Lembram uma plantação
Que na hora da colheita
Nos mostra grave maleita
E apresenta, em vez de pão,
Muita palha e poco grão!









quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

AS CEGONHAS

Desloquei-me ontem a Portalegre e tive o ensejo de ver como os nossos campos alentejanos já se encontram alindados com a presença das cegonhas. Lembraram-me o artigo do António Calhau no último número da “Águia”, já aqui referido, e vejo-me tentado a reproduzir neste blogue dois sonetos dedicados à cegonha e que foram precisamente os dois primeiros premiados ex-aequo ( naquela categoria) nos XII Jogos Florais de Outono do Concelho de Monforte, realizados no ano transacto, servindo simultâneamente como prova da minha homenagem aos seus autores:

Título : PARECEM GAIVOTAS...


PARECEM-ME GAIVOTAS SOBRE O MAR
DESTA IMENSA PLANÍCIE, O ALENTEJO,
E SÃO, NO AZUL DOS CÉUS, QUANDO EU AS VEJO
UM QUADRO QUE SÓ DEUS SABE PINTAR.

OIÇO ASAS A BATER; SINTO-AS PASSAR
LEMBRAM NOIVAS E RENDAS, NUM CORTEJO,
A REFLECTIR IMAGENS DE DESEJO
E DE REGRESSO AO SONHO DO SEU LAR.

NO FAROL DA ESPERANÇA E DA GUARIDA
EDIFICAM O NINHO DUMA VIDA,
SOBRE PRAIAS DE TRIGO, TÃO RISONHAS.

PARECEM-ME GAIVOTAS...E NÃO SÃO!
VOAM NO MAR IMENSO, O CORAÇÃO
QUE O ALENTEJO TEM! MAS SÃO CEGONHAS!

AUTORA : GLÓRIA MARREIROS, DE PORTIMÃO



TÍTULO : TER ASAS

DIZ QUE FOI A CEGONHA QUE ME TROUXE
DE LONGE A MINHA MÃE, ERA EU MENINO.
FICOU ASSIM LIGADA AO MEU DESTINO.
TERÁ SIDO A CEGONHA? ANTES FOSSE!

QUANDO A VEJO POUSADA, CALMA E DOCE,
NUM POSTE DE CIMENTO, MUITO A PINO,
PRESSINTO NA CEGONHA ALGO DIVINO.
SE FOI DEUS QUEM A FEZ, APRIMOROU-SE.

VÊDE COMO É BONITA E ELEGANTE
QUANDO SE ELEVA AO CÉU POR UM INSTANTE,
AO CÉU DO ALENTEJO ONDE É RAINHA!

FOI ELA QUE ME TROUXE LÁ DE FRANÇA?
POR ISSO EU SEMPRE FUI UMA CRIANÇA
QUE SONHOU TER ASAS...QUE NÃO TINHA!


AUTOR: JOSÉ ANTÓNIO PALMA RODRIGUES, DE ALJUBARROTA



domingo, 23 de janeiro de 2005

DIÁLOGOS INCONCLUSIVOS OU AS FEZES DA COMADRE ZEFA!

- Comadre Zefa, hoje vem com cara de enterro o que é que vossemece tem?
- Fezes, comadre Mariana, ando cheiinha de fezes...
- Mas porquê, comadre Zefa? Afinal de contas, fezes quem as nã tem?
- Atão é assim: agora com a chegada da data das eleições, eu nã descanso um bocadinho que seja. É que nã sê em quem é que hê-de votari.
- Eu cá isso nã me dá ralações. Pra mim sã todos ougais...
- Mas comadre já viu o queles se sacrificam por noses? Já viu nestas alturas as vezes queles nos visitam, queles nos perguntam o que nos falta, o que precisamos, e eu sê lá más o quêi!
- Mas isso é só agora que andam a ver sarranjam tacho. Ósdepois estã-se nas tintas prágenti! Atão a comadre nâ sabe comé sempri? Parece que vossamecê nâ está acostumada.
- Mas o que me dá mais fezes ainda é co mê gaiato más novo agora entrou lá pró governo civil que é do partido do PSD, mas o mê Tonho diz-me quesses agora nã ganhem e que PSD queri dizeri Partido Sai Derrotado. Tá a ver comadre se sai derrotado, sai o governadorí e sai aquela genti toda mais o mê gaiato...
- Olhi, a minha sobrinha, a da minha meia-irmã Jaquina, foi-se onte inscrever na JS que diz ela vão ter depois do dia 20 de Fevrêro Jobes de Sobra. Eu nã sê o quisso é mas ela está-se a fazeri a um. Oxalá nã lhe saiam as contas furadas ou um tacho já rompido. Os Jobes de Sobra sã uma filial do PS.
- Dos Pôco Sacanas, nã é? O mê cachopo más velho é do PCP...
- Partido Come Pouco?
- Sim comadre, secalhari comem pouco porque teiem poucos votos, senã comiã más, comós outros. Mas ele nã se rala que já lá anda a colar cartazes e isso dá-lhe dirêto a ir trabalhar prás obras da Cambra duranti um ano sem fazer nada.
- Porqué ca comadri nã lhe diz pró cachopo experimentar o CDS? É um partido pôco conhecido cá na Arribancêra de Cima.
- Qual? O do partido do Comem Depois Saem, como fez o Manel Montêro? Neim pensari! Nã gosto desses maganos, nã comadri, quesses sã muito bejoriquêros. Esses só gostã é das pexêras...
- Tamém sa comadri já tem o cachopo más novo no Partido Sai Derrotado, outro no Partido Comem Pouco e não gosta do Comem Depois Saem, vá pró BE, dos Bem Enganados...assim comássim é más partido menos partido, más engano menos engano!
- Mas eu gostava era de votari em todos. Vêm-mas lágrimas ós olhos quando os vejo a visitar Hospitais, Centros de Saudi, fábricas, a prometerem tudo de bom prá genti. Os tempos das campanhas elêtorais sã assim, mal comparando,claro está, com a nossa mocidade, com os tempos do nosso namoro: sã tudo sonhos, tudo promessas,tudo fantasias. Òsdespois a genti casa e até porrada nos cornos apanhamos. Mas eles gostam muito do povo e fazem tudo por amori ao povo, atã nã é comadre Mariana?
- Não, comadri Zefa, não é por amori ao povo, é por mori do povo, que senão fosse o voto do povo eles não metiam lá o cuzinho, com sua licença.
- Comadre a nossa falança nã majudou nada. Tenho impressã cainda fiquê com más fezes do que já estava. Mas o queide ê fazeri?
- Olhe comadre vá dar de calça quisso passa-lhe de certeza!
- Mal criadona!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2005

ÁGUIA Nº 13 JÁ "VOA"!

A par do Agenda e do boletim Municipal, da responsabilidade da Edilidade local, a “ÁGUIA” prima por ser, se a memória não me atraiçoa a única publicação com caracter de publicação regular no Concelho de Avis. Com uma periodicidade trimestral, já se encontra em distribuição a edição nº 13.
Como se sabe tal deve-se à boa vontade de uma série de pessoas que juntando-se, constituíram os chamados Amigos do Concelho de Aviz - Associação Cultural, de quem a Revista/Folha Informativa é propriedade.
Com Design Gráfico da ““alemtudo”, são temas fortes deste número da “ÀGUIA”, cujo capa é a ESCOLA:

- PATRIMÓNIO NATURAL - As cegonhas Brancas e o seu habitat, artigo subscrito por António Calhau
- ARQUITECTURA - Reabilitação das “velhas” escolas primárias, de João Pedro Amante
- Os anexins de Bena
- A causa da Comunidade Educativa, de J. Nuno Pires da Silva

A par destes há um invejável número de artigos que me levam a lançar-lhe, a si,um repto: se não leu, adquira uma “ÁGUIA” junto de qualquer elemento da Direcção da ACA, ou no Posto de Turismo.
E diria mais: Porquê não se Associar à ACA passando entre outras regalias a ter direito à “AGUIA” grátis?

domingo, 16 de janeiro de 2005

VI, OUVI, NÃO CONFIRMEI, CONFIRMEI....

No meu passeio pedestre dominical por Avis vi, logo confirmei:

- A VEGATEX , fábrica de confecções fechou as suas portas, deixando mais de trinta pessoas no desemprego
- Trespassa-se a loja da “Galinha Gorda”
- Trespassa-se o Café situado na Avenida da Liberdade
- O PSD continua a chegar atrasado a Avis. Porque será? Falta de ambição local?


No meu passeio pedestre dominical por Avis ouvi, mas não confirmei:

- Amanhã, segunda-feira o responsável pela VEGATEX vai ter uma reunião com as funcionárias
- Vêm aí os Chineses para implantarem uma loja em Avis, daí o aparecimento dos trespasses acima referidos: oferta de espaços e fim de actividades
- Está prevista para esta semana ( 2ª feira?) a entrega das casas pré-fabricadas aos ciganos do nosso burgo. Oxalá eles não sejam mal agradecidos...

No meu passeio dominical por Avis ouvi de manhã e confirmei à noite:

- O Benfica vais estar sempre em cima do Boavista (Boa!)

terça-feira, 11 de janeiro de 2005

JÁ ESTÃO BAPTIZADAS

Para os efeitos que acharem por convenientes, os moradores da Zona HE3 do Plano de Urbanização de Avis ( nas imediações do Centro de Saúde e Creche), receberam um mapa de identificação dos nomes a atribuir às Ruas onde residem.
São os seguintes:

-Rua José Pires
-Rua António Franco
-Rua José Luís

-Rua Salgueiro Maia
-Rua Luís Sá
-Rua Salgado Zenha

Ficam duas por “baptizar”!

Temos assim três conterrâneos ou residentes e três “alheios” à vila.
Peço perdão pela intromissão, mas não seria absolutamente fora de tom, colocar por exemplo o nome de Avenida D. João I a uma das que falta dar nome. É que esse, pelo menos ( ao que consta) esteve cá por Avis...

sábado, 8 de janeiro de 2005

SPORTING-BENFICA, FIM DA SEGUNDA PARTE

Tempo de posse de microfone:
Manuel Fernandes - 76%

Humberto Coelho - 24%

O que aprendi com o Humberto Coelho:

PARABÉNS AO SPORTING!

SPORTING-BENFICA, FIM DA PRIMEIRA PARTE

O que eu aprendi com o Senhor Manuel Fernandes :

- Foi com a mão aberta não é agressão ( comentando a “estalada” que o 26 do Sporting deu no Petit. Conclusão, quando quiserem dar porrada em alguém usem sempre a mão aberta)

- Vi o Giovanni em boa posição, se foi carregado foi bem assinalada a falta, se foi simulação do Giovani, foi mal (comentando a jogada da expulsão do Rui Jorge. Conclusão: para ele foi falta ou não? O que disse e estar calado foi a mesma coisa)

- O Nuno Gomes, em linha só tinha o pé esquerdo, o resto do corpo estava para lá. Não sei se isso é legal ( sobre a alegada posição de fora de jogo aquando do golo do Benfica. Conclusão: se não sabe devia saber, que é para isso que lhe pagam... Faz-me lembrar aquela atleta de atletismo que ganhava sempre as provas porque tinha as mamas maiores que as outras concorrentes. Por duas mamas de avanço ganhava e ganhava mesmo!)


Espero que o Humberto Coelho também diga alguma coisa agora na segunda parte. Ou será que por ser do Benfica, só o Manel ( não, não és tu) é que fala?

domingo, 2 de janeiro de 2005

AOS TIROS OU A ESTRANHA FORMA DE RECEBER O ANO NOVO

Passei de ano como eu gosto: sozinho, em casa! Frente a frente com uma Televisão que teimava em dar telelixo, mas que não me deixava grandes alternativas. Dado o baixo volume sonoro da referida TV, apercebi-me perfeitamente da quantidade de tiros de caçadeiras que foram dados aqui na vila de Avis, para receber o Ano Novo. Comparado com o fogo de artifício de outros lugares ficou muito aquém, não só pela falta de exuberância como pela falta de gosto de quem disparou assim, indiscriminadamente. Os tiros soaram-me mal: alguns não cheiravam a pólvora mas sim a álcool!
Na pacatez do meu lar, aqueles tiros lançaram-me assim inesperadamente para um mundo real muito distante de Avis: o mundo das guerras. Iraque, Israel, Palestina eu sei lá o que me passou pela cabeça. E nós aqui como que a antevermos situações semelhantes: tiros nos Arrabaldes, nas Muralhas, nas proximidades da Casa do Benfica... Tiros para quê?
Certamente que 2004 teria seguido o seu rumo ao passado muito mais tranquilo se soubesse que legava ao 2005 um futuro risonho de paz e não de tiros. Por sua vez 2005 teria outra razão para sobreviver e nos fazer acreditar que, se os homens quiserem, a Paz é possível em qualquer parte do mundo.
Por tudo isso e contra tudo isto, desejo a todos aqueles que forem dando uma espreitadela aqui DO CASTELO um feliz 2005, mas sem tiros, por favor!