sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

CESTAS DE POESIA (CLII)

No dia em que, escandalizado, me apercebi que o Estado tinha promovido em finais deste Dezembro, altos cargos dos seus quadros com efeitos retroactivos a Janeiro de 2010(!!!!!!), contrariando assim toda a lógica da “igualdade na crise”, eis-nos chegados a mais um final de ano. Parece que foi ontem que começou e já caminhou 365 dias. Vem aí quem o substitua mas por certo que não será melhor do que este péssimo que agora finda.
Valham-nos ao menos as “Cestas de Poesia” que teimam em continuar aqui “Do Castelo”.
JOSÉ DA SILVA MÁXIMO continuará a ser nosso convidado por muitas mais sextas-feiras. A sua poesia é sublime e de fácil compreensão. JOSÉ DA SILVA MÁXIMO é MESTRE EM DÉCIMAS. Para quem tenha dúvidas deixo-lhes aqui umas décimas que vêm muito a propósito nestes dias de Inverno chuvoso e frio.
Vamos a isso sem que no entanto vos deseje um Ano de 2011 com muita saúde, porque do resto, o que mais teremos serão chatices...vai uma aposta?

Noites grandes, a chover
Céu escuro sem luar
E tanta gente a sofrer
Sem abrigo e sem ter lar!

Estou em casa fechado,
Não posso sair à rua;
Não vejo o sol nem a lua
Porque o céu está nublado;
Cai a chuva no telhado,
Ouço as portas a bater,
Tudo o vento faz mexer,
Nada me traz alegrias,
São tão pequenos os dias
Noites grandes, a chover.

É o Inverno assumido
Chove, faz frio, venteja,
Há coriscos e troveja
Anda o sol sempre escondido!
Vivo triste e oprimido
Com este horrível pensar,
Remédio não posso dar
De nada posso valer
Mas não aprecio ver
Céu escuro sem luar.

É sempre a classe mais pobre
Que o Inverno mais castiga:
Sem ter uma capa amiga
Sempre a friura o descobre!
Sem nada ter que lhe sobre
Passa os dias a tremer,
Sem lume p’ra se aquecer,
Sem um carinho na vida,
Tanta miséria incontida
E tanta gente a sofrer.

Corre a água dos beirais
Em catadupas jorrando
E não se adivinha quando
É que não choverá mais!
As horas passam iguais
Sem esp’ranças de passar,
Chuva e frio até fartar
É o que o Inverno dá
E tanta gente que há
Sem abrigo e sem ter lar!

Abril do ano de 2008

HOMENAGEANDO O 1º CENTENÁRIO DA IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA

No início do ano, talvez que em Março, estive na Casa do Alentejo em Lisboa e por lá abundavam umas folhas A4 com os seguintes dizeres que passo a transcrever-vos, prestando assim a minha modesta homenagem à República Portuguesa no final do ano da comemoração do seu 1º centenário:

"ILDA, A “MUSA” DO ALÉM-TEJO

Para além dos símbolos nacionais mais conhecidos como a bandeira, o hino, o escudo (a moeda portuguesa) e a Constituição de 1 911, existe ainda outro que é o busto da República.
A efígie (imagem) da República é a personificação do próprio regime e é representada por uma mulher ostentando um barrete frígio (barrete da liberdade) e um ramo de loureiro (símbolo do endeusamento bem como da Maçonaria). Tem como inspiração a imagem da Liberdade na obra “A Liberdade guiando o Povo”, pintada em 1 830, por Eugène Delacroix.
A imagem foi adoptada como símbolo da República Portuguesa, na sequência da implantação do novo regime, em 5 de Outubro de 1 910, individualizando-se, apenas, pelas cores vermelha e verde das suas roupas (as cores da bandeira nacional).
Embora sempre tenham existido sérias dúvidas acerca de quem foi o autor do busto, pensa-se que é obra do escultor José Simões de Almeida (sobrinho) (1880-1950) e terá sido esculpido em 1908 a pedido da vereação republicana da Câmara de Lisboa, tendo sido inaugurada por Afonso Costa, uma das figuras mais destacadas da 1ª República.
A  partir de 1 912, tornou-se o padrão oficial da imagem da República portuguesa, passando a ser considerado um dos símbolos nacionais, tendo-se tornado obrigatória a existência de uma reprodução, em local de destaque, em todos os edifícios públicos e foi, ainda, utilizada como efígie nas moedas de escudo e centavos.
O modelo para o busto foi uma mulher com uma história desconhecida da maior parte das pessoas devido à falta de registos documentais. Chamava-se Ilda Pulga, nasceu em 1 892, em Arraiolos, no Alentejo. Era filha de um feitor natural da mesma localidade. Quando tinha entre 10 a 13 anos, mudou-se para Lisboa, provavelmente com a família. As grandes fomes que assolavam o Alentejo, naquela altura, terão motivado a sua mudança para a capital, onde deverá ter procurado uma vida melhor. Seguramente, foi antecessora dos que, algumas décadas mais tarde, percorreram o mesmo caminho em busca de uma vida menos ingrata.
A jovem, foi aos 18 ou 19 anos, modelo de inspiração para o escultor que, a partir dela, criou o busto da República Portuguesa. Pensa-se que a jovem e a sua família deveriam ter mentalidade mais aberta para a época, para se ter prestado a servir de modelo. Provavelmente terá tido uma vida cultural intensa e deduz-se que terá sido uma mulher lindíssima.
Ilda Pulga que parece ter sido costureira, não deixou descendentes directos e faleceu, em Lisboa, no ano de 1993, com 101 anos de idade.
Ao contrário dos restantes símbolos nacionais, o uso da imagem da República foi caindo em desuso, sendo hoje raro.
Entretanto, existe, também, polémica em torno do próprio busto, dividindo opiniões: para uns, o busto deverá manter-se inalterado; outros defendem que se procure um novo símbolo contemporâneo como fonte de inspiração, tal como acontece em França, sensivelmente, a partir dos finais da 2ª Guerra Mundial e, sugerindo, mesmo o nome da fadista Amália Rodrigues.
No dia 31 de Janeiro, no Porto, teve início o programa das Comemorações oficiais do centenário da República, que decorrerão ao longo do ano.

José Carlos Guerra Pinto."

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

AVIS EM ALTA ( TARDE, MAS AINDA A TEMPO...)

Foto : DINIS MUACHO um poeta ganhador

Já aqui referimos, em devido tempo, que a Fundação INATEL da Região Alentejo e Algarve promoveu um Concurso de Poesia subordinado ao tema “Cantos e Encantos da Minha Terra”.
Como também oportunamente anunciámos, foi vencedor no Distrito de Portalegre o jovem poeta de Aldeia Velha, DINIS MUACHO, com um poema que igualmente aqui reproduzimos em tempo oportuno. Já se realizou em Albufeira a final, concorrendo o Dinis com os vencedores dos Distritos de Évora, Beja e Faro.
Pois é com enorme prazer que nos apraz registar que DINIS MUACHO foi o vencedor absoluto deste concurso de Poesia batendo todos os outros campeões distritais.
Nestes concursos de poesia o que ao poeta menos interessa é o prémio ou o seu valor. O que o poeta gosta é de ver a sua obra reconhecida e divulgada. No entanto sempre lhe adiantamos que o Dinis foi ganhador de uma estadia de duas noites em época baixa ou média em regime de alojamento e pequeno-almoço para duas pessoas, numa das unidades de férias da Fundação INATEL, prémio que junta assim à publicação “Colóquio sobre música Popular Portuguesa”, ganho enquanto vencedor distrital.
Para o Dinis Muacho e para Aldeia Velha de Santa Margarida, “DO CASTELO” endereça os mais sinceros parabéns.

Foto 2 - O Presidente da Câmara Municipal de Avis foi à TVI24 defender os nossos azeites

Foto 3 - O Sr. Menina acha que "se eles não fazem mais é porque não podem..."

Foto 4 - A D. Otília Caldeira acha que "deveria haver mais coisas pr'ós velhos..."

Foto 5 - O Sr. Luís Borges falou de desertificação

O Dr. Manuel Maria Coelho, Presidente da Câmara Municipal de Avis, foi à Televisão (TVI24) falar num programa em directo sobre os “Azeites” da nossa região, defendendo assim um produto que é nosso e que, devido à “invasão espanhola” tem visto aumentada a sua área de produção. O referido programa deu azo a que diversos habitantes de Avis formulassem as suas preocupações e opiniões sobre outros assuntos e endereçassem mesmo perguntas para serem respondidas pelo Sr. Presidente, o que este fez.
Pensamos que o concelho terá ficado a ganhar com esta presença em estúdio.

Foto 6 - Mário Coutinho Boleto teve uma actuação soberba

Foto 7 - Mário Coutinho arrancou fartos aplausos da assistência

Foto 8 - O Pai Boleto era um homem feliz
Foto 9 - Mário, preocupado mas consciente que foi superior, ouve o veredicto do júri
Também na Televisão, (na RTP1) mas por motivos diferentes, esteve o jovem acordeonista avisense Mário Coutinho Boleto. Numa prova a eliminar, Mário deu uma lição de como se domina o acordeão. Tal como no futebol, também aqui, nem sempre quem joga melhor acaba por ganhar os desafios. O Mário foi virtuoso no modo como tocou o seu acordeão, sendo no entanto – e quanto a nós muito injustamente – eliminado. Passou alguém que, embora com algum mérito, fica a anos-luz do modo como o nosso representante tocou. Pensamos que terá pesado fortemente o facto do outro concorrente ser bem mais pequeno que o nosso Mário, e todos sabemos que tudo o que é pequenino é engraçadinho…
“DO CASTELO” permite-se dar os parabéns ao Mário pelo modo superior como representou Avis e aos seus pais, que têm sido os garantes de uma promissora carreira de músico para o seu filho.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A S. SILVESTRE DE AVIS 2010

Mais uma vez o "Clube de Futebol os Avisenses" organizou a corrida de S. Silvestre.

No passado Domingo a vila de Avis foi invadida por atletas vindos dos mais diversos locais do país, incluindo a Madeira e os Açores.

A participação deste ano suplantou a do ano passado, tendo estado presentes 267 atletas, sendo que na prova principal (juniores, seniores e veteranos) participaram 116 atletas.

A classificação dos atletas do nosso concelho foi a seguinte:

Benjamins femininos A: BEATRIZ MOTA3º Lugar

Benjamins masculinos A – NELSON QUIRINO6º Lugar

Infantis femininos – SOFIA CARREIRAS15º lugar

Iniciados masculinos – NUNO MOTA12º lugar

Seniores masculinos – RODRIGO CARRILHO - 20º lugar

Veteranos B – ANTÓNIO VIOLANTE20º lugar

Por clubes “OS AVISENSES” classificaram-se em 18º lugar entre as 37 equipas que estiveram presentes.

Para a história ficam algumas fotos desta S, Silvestre Avis/2010


Foto 1 - Cedo se destacou um grupo mais forte

Foto 2 - Na 1ª volta, já em pelotão alongado

Foto 3 - O atleta global: o Benavilense ANTÓNIO VIOLANTE, corre pela Casa do Povo de Ervedal nas ruas de Avis, em busca do 20º lugar da sua categoria...
Foto 4 - A chegada do vencedor da prova principal

Foto 5 - Lá atrás a chegada do 2º classificado da prova principal

Foto 6 - Só uma grande equipa de peso (SLB)...

Foto 7 - ...pode colocar 4 atletas nos conco primeiros lugares

Foto 8 - As vencedoras e o "precioso envelope"...

Foto 9 - Assistindo à distribuição de prémios...

Foto 10 - SULEI uma marca do passado ainda presente...




















segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A ANTENA FOI-SE!

Foto 1: O momento em que a antena era deitada abaixo...


Foto 2: O momento em que a antena era erguida...

Na semana passada vimos “ir abaixo” o mamarracho que tornava a nossa vila bem feia: a antena que se encontrava colocada no posto da GNR local. Estamos em crer que foi muito mais complicado ergue-la do que agora colocá-la no chão.

A antena, além de inestética, aparentemente não tinha razão de ser, em pleno século XXI em que a comunicações há muito vão para lá dos sinais de fumo…

Entre o erguer e o derrubar lá se gastaram mais uns milhares de euros do erário público, e assim se vão esbanjando os poucos euros que por aí há e que seria bem mais interessante se fossem gastos em coisas para o benefício de todos nós.

Para a história ficam as imagens: levantar em 2007 e deitar abaixo em 2010.

P.S.: mau, mas mesmo muito mau, seria termos que qualquer dia aqui dizer que a antena voltou a ser erguida no mesmo local, com a mesma rapidez com a desmancharam agora…

Tudo é possível…




sábado, 25 de dezembro de 2010

FUI AO COLOMBO...

Quando já temos uma certa idade, por vezes repetimo-nos sem darmos por isso. Sei que vou dizer uma coisa que quem está habituado a ler as linhas que por aqui vou deixando escritas, já sabe. Vou, pois, repetir-me, mas em consciência: Não gosto de ir às compras. Detesto aquela lufa-lufa do entra e sai das lojas, o vê preços, analisa e não compra. Mas todos os anos me tocam várias cenas dessas. Uma delas é inevitavelmente pelo Natal. Daí, talvez a minha cada vez menor simpatia por este período do ano.

Desta vez “o dia do sacrifício” calhou na passada terça-feira. Local escolhido: o Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

Chegados, fizeram-se duas equipas: quem anda pouco ou se cansa mais depressa, fica no rés-do-chão, quem anda mais ou precisa de estar presente aquando dos pagamentos, sobe até ao 1º andar. E lá fui eu escadas acima.

Ao fim de quatro horas (leram bem, quatro!) de entra e sai, vê, apalpa e franze o sobrolho, já mal me arrastava nas minhas bem engraxadas botas da Campor. Quando passei por um largo do Colombo onde pululavam para aí tantas pessoas como a população da freguesia de Avis (ou um pouco menos), reparo que havia uns sofás colocados ali estrategicamente para pessoas como eu ou, quem sabe, ainda pior do que eu. Estanco a uma distância ainda considerável, analiso o local, mas depressa me apercebo que está tudo ocupado. Como eu, havia ali muita gente a contra gosto. Digo à minha companheira compradora-gastadora-não-pagadora que fico ali e que quando for preciso ir pagar que me venha chamar. Nisto, olho e… sorte das sortes! Acaba de sair um velhote dum dos sofás! Avanço resoluto, mas como dizia o meu sogro acerca dos cães de caça que nada mais viam que a caça a fugir à frente deles: “ceguei na carreira”! não me apercebi que mais perto do local de sossego havia outra “alma” sedenta de descanso e, enquanto eu me dirigia para o sofá o ocupou mesmo já ali nas minhas barbas. Mudei de estratégia: fiquei atento pois que aqueles locais não são de ocupação prolongada. Em breve haveria outra vaga. E tal como os forcados que ao serem derrotados numa primeira pega de caras, à segunda tentativa se aproximam mais da fera, aproximei-me também eu. Coloquei-me ali bem perto da zona de lazer, e ao ver que um casal jovem se começava a levantar, aproximei-me e…zás! Ainda a senhora não tinha aconchegado bem as calças que haviam descaído pela posição de sentada, e já eu me estava a estatelar num sofá individual. Sentei-me, melhor atirei-me assim quase de maço, e senti-me bem. Confortável. Situo-me no espaço e no tempo: são 18 horas da última terça-feira antes do Natal de 2010, tenho em frente uma loja da Pull and Beer, um pouco à esquerda a montra da OySho, ainda mais para a esquerda do local onde me encontro, a Zara.

Depois de alguns segundos de desfrute do local, começo a apreciar toda aquela fauna. E se há ali de tudo….

Entretanto vejo chegar uma boa dúzia de gente “cá da minha”: idade avançada mas davam até ideia de pertencerem a alguma excursão que ali os tivesse despejado. Vinham em mólho. Por sorte delas, duas velhotas tiveram cabimento no sofá corrido, que acabara de ser abandonado por um casal de, de namorados, penso eu dado o que me foi possível apreciar. As velhas – vou tratá-las assim, não por desrespeito por quem tem idade, mas pelo que a seguir ireis ler e que são efectivamente coisas de velhas.

As velhas sentaram-se, puxaram as saias para taparem os joelhos, e logo ouvi bichanar:

- Estes tinham os traseiros quentes

- Cala-te, não comeces já…

Desde logo fiquei com a impressão que ia ter espectáculo. E de camarote! O bichanar das “velhas”, que pela pronúncia deviam ser de alguma província do Norte, depressa se tornou mais perceptível, principalmente para quem, como eu, estava tão perto delas. Estávamos os três virados na mesma direcção, pelo que o que eu via era precisamente ou quase o mesmo que elas viam. Por uma questão de respeito para com os meus leitores vejo-me forçado a relatar aquilo que os meus pobres ouvidos foram obrigados a escutar neste merecido e rápido descanso no Colombo.

As pessoas ali, como já frisei, eram muitas no seu vaivém desenfreado de tentar encontrar aquilo que pretendiam comprar. Sem saber bem como, detive-me a apreciar uma mini-saia que por ali deambulava quando ouvi:

- Ai, Maria olha para esta pouca-vergonha! Com um frio destes e esta lambisgóia com a saia quase a chegar-lhe ao umbigo. Santo Deus. Isto aqui aparece de tudo…quase que se lhe vê a passarola…

- Deixa lá Rosa, é gente nova, e não lhe chames passarola, chama-lhe antes passarinha, Passarola é para as mulheres casadas…

Tinha começado o “festival”. Fiquem atentos que eu prometi e vou cumprir: vou-vos contar o que aquelas duas “galegas” para ai disseram.

- Tá bem! Além de ser gente nova tiveram uma criação diferente da nossa…

- Tiveram a criação da pouca-vergonha é que foi. Essa é que é essa…

- Ai filha, olha lá a “pretalhada” que ali vem…Iche, Virgem Maria: um preto com chapéu encarnado e sapatos brancos. Aquela preta do rabo grande, ainda maior do que o teu, traz umas coisas metidas nas orelhas. Se calhar é para ouvir o Quim Barreiros..

- Qual Quim Barreiros, qual quê! Aquilo é para ouvir músicas lá deles. Se tu visses, uma vez fomos numa excursão da nossa Junta de Freguesia à praia da Murtosa. Tu não foste porque foi daquela vez que o teu Tonho te tinha chegado a roupa ao pelo e estavas mal do braço. Andavam lá uns pretos que eu só queria que tu tivesses visto: com uns rádios muita grandes e a música em altos berros e nunca ouvi o Quim Barreiros. Era mas é música de pretos. Quim Barreiros! Antes fosse,,,ai filha! Os pretos são cada vez mais. Qualquer dia isto é tudo deles. Daqui a pouco já são mais que os brancos…

- Isto aqui em Lisboa é uma podridão, é o que te digo. Não ouves estes pi-pis? È gente que quer sair das lojas sem pagar. Mas eles são espertos, em vez dum polícia á porta de cada loja, põe lá umas coisas que apitam quando não pagam…Hás-de reparar que aquele parvalhão ali está quase a dormir e quando aquilo apita abre logo os olhos…

Conclui que o “parvalhão” era eu. Realmente fechava os olhos não para dormir mas para tomar mais atenção ao que escutava…um olho aberto, outro fechado.. .

- Mas olha Maria que nem sempre é isso. Uma vez fui ca minha Jaquina lá a Leixões comprar um pijama para a besta do meu genro e quando saímos aquilo apitou e nós tínhamos pagado. Foi a empregada que não lhe tirou aquilo que os faz apitar. Há empregadas que valha-me Nossa Senhora…não sabem fazer nada…

- Não olhes, para não dares muito nas vistas. Aí do nosso lado esquerdo está uma gaja a dar de comer ao filho. Olha devagar…isso… mais para a esquerda…

- Pobre criancinha. Quase que não cabe no carrinho. Isto não são mães nem são nada. É o que eu te digo! E os pais dos gaiatos, se elas souberem quem são, são outros que tais. Mais valia que estivessem em casa a tratar das crianças. Pobre inocente que tem mesmo cara de fome. Olha como está chupadinho…é só fome, é o que é…atão tu já viste que ela tem o cabelo pintado de azul? Aquilo é o que quê?

- É o quê, Rosa? É droga. É só droga que ali anda…

- Maria olha lá aquela sirigaita ali a arranjar as unhas….que pouca vergonha. Ela havia era de ir apanhar azeitona lá para os lameiros ou tratar das vacas, para ver como é que as unhas lhe ficavam… Isto no fim, não valem nada. Abonecam-se todas por fora mas por dentro sabe lá a gente como andam. E ainda há homens que se embeiçam por coisas destas…

- E já reparaste no decote que traz? Com um tempo destes? Poucas vergonhas é o que a gente mais vê quando vem a estes sítios. Ainda bem que o meu homem não está aqui a ver…

- Ora deixa! Não vê esta vê outras. Então isto está cheio de mais do mesmo. O meu é que eu quero que não veja para aí nada de mais…

- Porquê? Estás com medo que logo à noite haja festa?

- Cala-te deserta estou eu…, e a Rosa deu uma gargalhada abafada que mais parecia um gracejo de adolescente

Meus caros amigos. Aqui ri-me para dentro. Não vou fazer nenhum comentário àquilo que ouvi. Isso pertence-vos a vós. Eu limito-me a passar para o escrito aquilo que consegui fixar e que me pareceu de maior interesse. Mas é assim: se achar que isto não tem importância, ou porque não retrata convenientemente duas realidades de um mesmo Portugal, ou porque você tem histórias bem melhores, então não leia mais. Ficamos amigos à mesma. Eu vou prosseguir.

- Olha, Maria! Outro disfarce. Esta vestiu só uns calçonitos por cima das calças pretas do pijama e toca a andar. Aquilo é que está ali uma coisa asseada….Deus me livre que uma filha minha andasse nestes preparos aí pelas ruas…Deus me guarde…

- Mas aquilo não são calças do pijama, chamam-lhe “legos” parece-me a mim…

- Ná, não deve ser. Legos comprava eu ao meu gaiato para ele brincar, eram assim umas pedaços de plástico que se metiam uns nos outros para fazer casinhas e automóveis…

- Seja legos ou lá o que for…cheira-me mal…Maria não me digas que tu…

- Eu? És parva ou quê? Eu sou muito asseadinha! Não vês que foi o gaiato do carrinho? Comeu e agora é isto. Espera aí que eu tenho aqui um frasco de água-de-colónia que comprei para a minha neta e pondo um bocadinho isto disfarça. Eu já pus, põe tu agora…

A minha gastadora de dinheiro faz-me sinal da porta de uma loja que era altura de ir pagar. Chamo-a, dou-lhe o cartão de crédito e fico por ali a espiar mais um pouco a conversa daquela gente a viver momentos num mundo completamente desenquadrado do seu. Eu não vos disse que era um “parvalhão”?

- O que vale é que agora, já há fraldas de deitar fora. Se fosse no tempo dos nossos gaiatos, em que as fraldas eram de pano e tinham que ser lavadas para serem usadas uma porrada de vezes…

- Parece-me que às fraldas de agora lhe chamam descartadas ou qualquer coisa assim. E mal sabes tu que me disseram que também já há cuecas dessas para se usarem por exemplo quando se fazem viagens muito grandes…

- Não pode ser….eu não acredito…

- Não acreditas? Então eu sou alguma mentirosa?

- Não, Maria. Não acredito é no que os meus olhos estão a ver agorinha...Diz-me que é mentira, Maria…

Olhei de soslaio e vi a Rosa e a Maria a persignarem-se quase em simultâneo. O olhar aterrorizado, vítreo, paralisado na direcção do seu lado direito. Numa décima de segundo pensei que ambas tinham acabado de ser alvo de um ataque de AVC. Vi-lhes tremer o queixo e olhei no sentido que a sua palidez apontava. Um casal de homossexuais, acabava de dar um “turbulento” beijo na boca.

Confesso que também eu fiquei perplexo. Imóvel. Petrificado. Já tinha visto cenas destas em vídeo, em fotos, na televisão. Ao vivo, em directo e a cores, nunca. Foi aqui a primeira vez. Não sei quanto tempo assim estive, mas sei que quando tentei ver as minhas “colegas” de descanso nos sofás de um recanto do Centro Comercial Colombo na última terça-feira antes do dia de Natal do ano da graça de 2010, elas já lá não estavam. Afastavam-se, em direcção à Zara, onde estavam os outros colegas da excursão.

Ainda se iam a persignar e a olhar para trás. Coxeavam ambas, pormenor que me havia escapado.

Quantas vezes já vos disse que eu era um “parvalhão”? ...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CESTAS DE POESIA (CLI)

Foto: JOSÉ DA SILVA MÁXIMO, lê o trabalho premiado com o 1º lugar, aquando da distribuição de prémios dos Jogos Florais de Almeirim/2009



Calhou que esta sexta-feira, além de ser a da noite de natal, seja obrigatoriamente dia de Cesta de Poesia.



Por este facto, “DO CASTELO” endereça a todos os seus leitore(a)s e amigo(a)s os mais sinceros votos de um Feliz Natal, com algumas prendinhas no sapatinho, na chaminé ou na árvore de natal de plástico, de pinheiro natural ou de fibra. Que haja presentes para todos e que esses presentes contenham muita saúde, paz e tolerância.


A propósito de tolerância vamos hoje reproduzir umas décimas que nos falam de tolerância e compreensão. Almeirim organizou os seus Jogos Florais 2008/2009 apresentando o desafio de glosar uma quadra de Fernando Pessoa e o nosso convidado, JOSÉ DA SILVA MÁXIMO, de Marvão, mas grande amigo de Avis (como aliás já sabemos) foi agraciado nesse certame cultural com mais um primeiro prémio. Deixo à vossa consideração o trabalho premiado:


Compreender um ao outro
É um jogo complicado
Pois quem engana não sabe
Se não estava enganado
(Fernando Pessoa)


Para toda a Humanidade
É bom saber tolerar;
Compreender e notar
Em cada ser, qualidade!
Viver em plena igualdade
Dar-nos-á algum conforto
Em vez de um estar no “potro”
Pressionado por alguém,
É prudente e fica bem
Compreender um ao outro.


Dar a todos seu valor,
Respeitar opiniões,
Raças ou religiões
Não merecerem rancor;
Tratar todos com amor,
Respeitar, ser respeitado
É meio caminho andado
Se houver força de vontade
Mas cumprir esta verdade
É um jogo complicado.


Ter por lema a tolerância
É sensato e é bonito;
Ir até ao infinito
Pondo de parte a ganância!
É da maior importância
Que o meu orgulho se acabe
Vendo que a cada um cabe
Dizer: “perdão se é que errei”
Não dizer:”eu é que sei”
Pois quem engana não sabe.


Ao julgar seu semelhante
Julgando-o a si igual,
É reconhecer que afinal
Ele é um ser importante;
Ao julgá-lo assim, garante
Que tem sentido apurado,
E ficou tendo a seu lado
Mais um bom irmão por perto,
Seguindo o caminho certo
Se não estava enganado…

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O CABAZ DE NATAL DA ASSOCIAÇÃO DE DIABÉTICOS DE AVIS "JÁ TEM DONO"

Foto 1 - Edgar retira uma senha do saco seguro pela Presidente da Associação,
 Enfermeira Nídia
Foto 2 - "É esta!"
Foto 3 - Verificação do nome do premiado perante a curiosidade de alguns dos presentes

Foto 4 - A senha e o canhoto do Nº 930
Foto 5 - João Domingos era uma homem feliz...
Foto 6 - ...e solidário: contribuiu com uma dádiva para engordar o "porquinho" da Associação, perante  olhar atento do Vice-Presidente, António Carmo


Realizou-se há pouco mais de uma hora, na Sede da Associação Humanitária de Apoio aos Diabéticos do Concelho de Avis, o sorteio do Cabaz de Natal daquela Instituição, avaliado em mais de cem euros.

Ao sorteio público assistiram dez Sócios e membros da Direcção.

Para que o sorteio fosse o mais transparente possível, foi combinado antecipadamente que às 18 horas se solicitasse à primeira pessoa que passasse na rua, à porta da Associação, o favor de retirar o talão premiado, de dentro de um saco opaco que continha o canhoto de todas as rifas vendidas. Coube essa sorte ao amigo Edgar.

Feito o sorteio verificou-se que a senha premiada foi a correspondente ao número 930 e que pertencia ao Sr. João António Croca Martins Domingos, na gíria mais conhecido por “Baeta”.

Contactado de imediato, este dirigiu-se à Sede onde recebeu o Cabaz sorteado.






terça-feira, 21 de dezembro de 2010

14ª JORNADA

BENFICA 5 – RIO AVE 2

Juan Barnabé foi-se embora
E a Águia ficou de fora:
Trouxeram a concertina
E o Rio Ave, coitadinho,
Não dançou o corridinho
…Dançou tango à Argentina

PAÇOS DE FERREIRA 0 – PORTO 3

Quis o Paços de Ferreira
Vencer tamanha “borreira”
Dum Porto atrapalhado;
Não conseguiu não senhor
Sentindo amargo sabor
Dum injusto derrotado

VITÓRIA DE SETÚBAL 0 – SPORTING 3

P’ra ficar mais descansado
Paulo Sérgio foi ao Sado
Em busca dos três pontinhos;
E ficou muito contente
Por dar alegria à gente
Da toca dos lagartinhos








sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

CESTAS DE POESIA ( CL)

Foto 1: José da Silva Máximo (primeiro à esquerda). integrou a mesa de abertura dos VIII Jogos Florais de Avis, realizados em Maio passado, na qualidade de mebro do júri.

Numa semana terrivelmente trágica para Avis, dado que:

Suicidou-se por enforcamento no seu domicílio o Sr. Sabino;

Suicidou-se por afogamento, na passada terça-feira na Barragem do Maranhão um homem de 54 anos residente em Galveias, que até hoje ainda não foi encontrado;

Apareceu morto na cama da sua residência, o António,  um utente com cerca de 50 anos, que se encontrava em regime de Centro de Dia, no Lar Nossa senhora da Orada em Avis:

 E eis que chega mais uma Cesta de Poesia.

Como convidado continua o nosso amigo JOSÉ DA SILVA MÁXIMO, de Santo António das Areias que, ao que “DO CASTELO” apurou, ainda hoje andou a colher azeitona na sua quinta em Marvão, apesar dos pouquíssimos graus centígrados que se fizeram sentir naquela região. Acresce ainda dizer que JOSÉ DA SILVA MÁXIMO tem feito parte dos júris dos Jogos Florais de Avis, desde a sua primeira edição.

Quando o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas fez 75 anos, em 2007 ou 2008, já não sei precisar bem, a Secção Regional de Portalegre daquele Sindicato resolveu assinalar a efeméride com a realização de uns Jogos Florais. Pois o nosso convidado ganhou o 1º prémio com o seguinte trabalho:

 

A impor-se ao patronato
Dos bancários Lusitanos,
A força de um Sindicato
Com setenta e cinco anos!

Sindicato é a balança
Que tem dois pratos iguais
Para não pender demais
E merecer confiança;
Nele reside a esperança
De não perder o seu prato,
Um verdadeiro contrato
Em defesa da verdade
A exigir igualdade
A impor-se ao patronato!

A seguir no rumo certo
Com as suas decisões,
Vai tomando posições
Deixando o caminho aberto;
O Sindicato é decerto
Defensor dos bens humanos,
Levando avante seus planos
Tudo o que faz é zelar
P’lo int’resse e bem-estar
Dos bancários Lusitanos!

Em homenagem sentida
Pelo seu aniversário
Hoje é dia em que o bancário
Lhe presta a mercê devida!
P’la posição assumida,
Pelo seu lugar ingrato,
Sem mostrar grande aparato
Da forma como se empenha,
Não há nada que detenha
A força de um Sindicato!

Para bem comemorar
Um ano que conta a mais,
São estes Jogos Florais
Maneiras de festejar;
Um Sindicato sem par
Que a todos nos deixa ufanos,
Contra a lei dos soberanos
É da forma mais incrível
Uma força indestrutível
Com setenta e cinco anos!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

AINDA A CEIA DE NATAL DA ACA

Pois é, isto é mesmo uma maldadezinha: para aqueles que não quiseram ir à Ceia de Natal da Amigos do Concelho de Aviz – Associação Cultural, deixo aqui mais umas quantas fotos para que vejam o que perderam. É opinião unânime que a festa deste ano foi melhor do que a do ano passado.

Eu se fosse a si, depois de ver as fotos, marcava já na agenda: para o ano não esquecer de ir à Ceia de Natal da ACA…


Foto 1 - Convívio

Foto 2 - Amizade

Foto 3 - Prendas

Foto 4 - Reencontro

Foto 5 - Recordar o ano passado

Foto 6 - Duas opções: comer ou dançar? 

Foto 7 - A festa num Globo Terrestre

Foto 8 - A prenda partida...

9 - Alegria de crianças...

10- Alguém que foi pela primeira vez...

11 - Alguém que é já uma presença CONSTANTE

12 - Uma dupla de "Joões": Benavila e Alcórrego

Foto 13 - "Monsieur Joseph", o "Mestre Zé"!

Foto 14 - Outro estreante que vai repetir para o ano

Foto 15 - Prendas aos pares

Foto 16:" Cala-te e dança bem senão para o ano não vens!...."