terça-feira, 30 de agosto de 2005

FARRAPO HUMANO

Chegou ao conhecimento DO CASTELO uma situação de degradação de vida humana que revela um pouco do que é a sociedade em que vivemos, onde não há valores que se imponham pela positiva. Vamos chamar as coisas pelo nome, identificando este farrapo humano:
Localização : Rua Outeiro da Saudade, Nº 1
Localidade : Avis
Nome : Luisa Maria Leão
Alcunha : Mascote

Ora acontece que a D. Luisa tem estado abandonada em casa, sozinha, sendo auxiliada pelas vizinhas ( por ex. Leonor Canhoto e Margarida Carrilho) que, num gesto de boa vontade, a têm ajudado. Acamada, sem comer e sem se bastar a si própria no que à higiene pessoal diz respeito, assim tem vivido esta mulher de 75 anos de idade, a que Avis deve algo. Procurar quem devesse ter tomado uma atitude atempada para prevenir esta situação é fácil de encontrar: a D.Luisa tem duas filhas. Uma vive em Portugal e a outra está emigrada. Ambas postas ao corrente da situação, parece que não lhes corre sangue da mãe nas veias. Segundo consegui apurar terá vindo agora a Avis a que está no estrangeiro resolver a situação, tendo hoje, dia 30, a senhora passado a ter assistência na Santa Casa da Misericórdia, em regime de assistência diurna. As filhas lá terão as suas razões que, no entanto, não sei que tamanho terão para deixarem quase morrer a mãe ao abandono. Aliás, não há razão nenhuma que permita deixar morrer uma mãe ao abandono!
Mas, se calhar mais alguém além destas vizinhas deveria ter feito algo. Para quem não sabe – principalmente os políticos mais novos ou da nova geração – dir-vos-ei que a D. Luisa sempre esteve ao lado do Partido Comunista e das suas necessidades. Participou activamente em comícios ( atrevia-me a dizer em todos), tomou parte activa nas ocupações, tomou parte activa nos saneamentos... Foi útil ao Partido enquanto o Partido dela precisou. Talvez agora fosse altura do Partido lhe retribuir com algo mais do que um simples gesto de carinho, embora sabendo eu que um Partido não é propriamente uma “instituição de caridade”. Mas...
E a Associação de Reformados de Avis (ASRPICA)? será que também nada poderá fazer por um seu associado em carências vitais?
Rebusquei uma entrevista dada pela visada ao Jornal “A Ponte” em Junho de 2003, onde ela afirmava que ...”estamos num país de corruptos”... e...” O futuro não se me apresenta nada risonho” – coitada; parece que estava a adivinhar. Os corruptos, se calhar, até ela os conhecia com nome e tudo. Quanto ao futuro não podia estar mais certa em relação ao que a esperava.
Fica aqui o meu repúdio pela forma como a sociedade faz uso dos seus cidadãos. A D. Luisa que tantos mortos lavou e vestiu, se calhar, arrisca-se a nem ter quem a lave e vista depois de morta!

UMA NO CRAVO OUTRA NA FERRADURA...

NO CRAVO

Apaludi estrondosamente a medida tomada pelo governo que reduz para onze os trinta dias de férias que os possíveis ocupantes de postos autárquicos gozavam aquando da realização de eleições. Que me perdoem os cerca de 500 000 que nas últimas eleições Autárquicas gozaram esses trinta dias e agora ( se calhar alguns até só aceitaram pertencer às listas por causa das férias)se ficam pelos onze da campanha.
Cá para mim ainda são de mais. Mas mesmo assim aplaudo!

NA FERRADURA

Pateei a forma como o Dr. António Vitorino nos quiz demonstrar, hoje na TV, quanto é justa a lei que obriga alguns funcionários públicos a trabalhararem para idades além do razoável. Fez-me confusão a maneira risonha como ele afirmou que também ele estava apanhado pela lei e só se reformaria muito mais tarde. Mas reformar-se de quê? De que trabalho? E quanto à lei: que desempenho poderá ter uma pessoa com 64 anos num serviço que à falta de motivações ( mais descontos, mais burocracias, mais cansaço)
se vê "obrigado" a fazer contra sua vontade um serviço que poderia ser desempenhado por pessoas em idade bem mais produtiva? E depois da reforma chegar, que esperança de vida terão aqueles que se reformam já quase de "cadeiras de rodas"? O que os espera? Asilo? Cemitério?
Meu caro Doutor, acha que os serviços públicos vão melhorar mantendo toda essa "velharada" ( sem sentido perjurativo) no activo? Acha? Olhe que não Doutor, olhe que não...como diria o outro!
Por isso pateio!

quinta-feira, 25 de agosto de 2005

A SECA NÃO É REPONSÁVEL POR TUDO...

Na herdade da Cascota, freguesia de Alcórrego, foram encontradas vários animais mortos e em adiantado estado de putrefacção, numa vala a céu aberto. Parece que seriam de raça ovina e que exalavam um cheiro pestilento, pondo assim em perigo a saúde pública. Certamente que teremos de atribuir à seca mais esta mortandade,mas apenas isso.Deveriam ser exigidas responsabilidades a quem deixou assim os animais a apodrecer sem ter o mínimo cuidado em evitar a situação que se verificou. Os animais até podem não ser do dono ou arrendatário da herdade, mas que alguém lá os deixou, penso de que também ninguém terá dúvidas, como não há dúvidas que facilmente se chegará a quem praticou tal acto. Dúvidas tenho, no entanto, quanto ao castigo ( à coima?) que irão aplicar ao infractor. Se calhar ficará impune, no pressuposto de que já lhe chegou perder os animais. No entanto parece-me pouco. Bastaria um pouco mais de civismo para evitar situações desta gravidade.
Já não nos chegavam os assaltos...

quarta-feira, 24 de agosto de 2005

CANÇÃO DE PORTALEGRE

Como homenagem a esse grande vulto da cultura portuguesa que foi JOSÉ RÉGIO, passo a transcrever o seguinte poema de sua autoria, prestando assim igualmente a minha homenagem à nossa Capital de Distrito:

De Portalegre cantando
Meu canto é doce e é amargo:
Já sinto os olhos turvando,
Já sinto o peito mais largo...

Ai! torres da Velha Sé
Ai! muros do burgo estreito!
Sempre vos rezo com fé
Se me levanto ou me deito.

O céu das tardes compridas
Parece que vem baixando;
E as torres são mãos erguidas
Que quase lhe estão chegando!

Ao longe se perde o olhar
Nas névoas dos horizontes...
E a terra parece o mar,
Parecem as ondas os montes.

Tem cada ruela estreita
Casas pobres e opulentas
Meu gosto nenhum enjeita:
Todas são minhas parentes...

Olhei da Serra a cidade,
Tão branca, estreita e comprida,
Faz-me alegria e saudade,
Assim de noiva vestida...

terça-feira, 23 de agosto de 2005

Quando a TRAGÉDIA vem ao de cima...

É RÁPIDA E SILENCIOSAMENTE QUE A TRAGÉIA VEM AO DE CIMA. NA BANHEIRA DE CASA, NUM TANQUE DE REGA, NUMA PISCINA, NA PRAIA...A ÁGUA PODE SER SINÓNIMO DE PERIGO PARA UMA CRIANÇA. E NÃO É PRECISO MUITA ÁGUA PARA QUE ELA SE AFOGUE:ATÉ UM BALDE PODE SER FATAL. O QUE É PRECISO É MUITA VIGILÂNCIA, SOBRETUDO AGORA EM TEMPO DE FÉRIAS. PARA QUE ÁGUA SEJA APENAS SINÓNIMO DE PRAZER!

In “ FARMÁCIA SAÚDE”, nº 107, Agosto 2005, pág. 22.
Leia mais sobre este e outros assuntos solicitando a revista junto do seu farmacêutico. É uma distribuição gratuita!

segunda-feira, 22 de agosto de 2005

UM PAÍS DE BRANDOS COSTUMES É NECESSARIAMENTE UM PAÍS BRANDO!

Hoje de novo Avis se cobriu de uma densa nuvem de fumo, vinda sabe-se lá de onde( ABRANTES? COIMBRA? PAMPILHOSA? VISEU?),mas certamente de PORTUGAL. Por volta das 19h30m começou a notar-se ao longe uma espécie de nevoeiro antecedido de altas nuvens de fumo que o fraco vento a pouco e pouco foi espalhando por todos os vales e montes que nos cercam. A lua, ainda há dia tão expelhenta, encontra-se hoje baça. Através deste fumo, deste cheiro a queimado, cheira a desgraça. Cheira a desgraça daqueles que perderam os seus haveres, as suas casas, os seus entes queridos. Este é também um cheiro a grito de revolta. Tanta promessa, tanta mentira! Afinal até parece que ainda não foram gastos todos os valores postas à disposição do Governo Português para fazer face aos fogos de anos anteriores. Mas que raio( para não dizer outra coisa) de país, ou de Governo, é este que não socorre atempadamente quem dele precisa? Portugal tem azar até em ser um País de brandos costumes. Foram indiciados até hoje, 110 presumíveis criminosos incendiários. Quantos irão presos? Vamos tirar os menores, mais os mentecaptos, mais os que têm problemas psiquiátricos mais o raio que os parta e os nossos juizes vão mandá-los todos em paz . Malditos incendiários e malditos brandos costumes que vão pôr em liberdade ( os que chegaram a ser presos) indivíduos que, se não for este ano ainda, para o ano vão repetir o mesmo crime. Um país de direito não pode ter justiça popular. Mas vocês acham que se fossem metidos lá bem no meio do brasido, estes assassinos continuariam a agir impunemente?Se acham que sim, vamos experimentar para ver como é? Se acham que não, então porque estamos à espera?

domingo, 21 de agosto de 2005

LUAR DE AGOSTO, CORRUPTOS E PENA DE MORTE

Esta noite está um luar lindo, fazendo juz ao ditado popular de que “não há luar como o de Janeiro mas...lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto”. Estava a comentar a nitidez com que ficam estas noites de Verão enluaradas de Agosto, quando a minha mulher me disse que até se podia ler o jornal sem luz artificial. Experimentei um Diário de Notícias do dia 13 deste mês abri ao calha e li na página 29: Banqueiro chinês condenado à morte. O título era sugestivo, o luar convidativo e por isso continuei a ler a notícia: O antigo director da sucursal de Xangai do Bank of China, Liu Jimbao, foi condenado à morte por fraude e corrupção....
Senti um tremelique ao pensar: e se esta medida fosse tomada em Portugal? Se fossem condenados à morte todos os corruptos deste cantinho à beira mar plantado (ardido?). Certamente que todos os jornais trariam diariamente uma página só com nomes corruptos a abater. E não se pense que seriam só os jornais a nível nacional, os regionais também tinham muito para anunciar...para já não falar nos blogues a nível local, claro!
Tenho ou não tenho razão?
(Nota:
o tremelique que senti não tem a ver com a eventualidade de eu estar entre os condenados à morte. Absolutamente!)

sábado, 20 de agosto de 2005

FICOU BONITINHO, SIM SENHOR!

O jardim em frente da entrada principal dos serviços da Câmara Municipal de Avis, ficou muito engraçado. Certamente que haverá quem ache que não, que como estava era mais apelativo. Para mim, e é tão somente a minha opinião, assim está muito mais funcional e agradável à vista, pelo que dou os meus parabéns aos mentores daquele projecto. Na quarta-feira passei por lá à noite e pena foi que lá estivesse um “senhor” com dois cães à trela e que estes se entretivessem a esgaravatar com as patas na relva, começando já a dar cabo daquilo que agora se acabou. E a culpa não era dos cães, como é óbvio.
Em jeito de brincadeira,desculpe lá amigo: o meu receio é se o Peseiro dá como castigo ao Polga ir guardar os frangos do Ricardo ali para este nosso jardim público agora requalificado...lá se vai a relva!
Mas a verdade verdadinha é que ainda só hoje, sexta-feira, começou a Super-Liga e o Sporting já vai isolado e leva três pontos de avanço!

terça-feira, 16 de agosto de 2005

SENHORA MÃE DOS HOMENS: A TRADIÇÃO AINDA É O QUE ERA...

De quando em vez surgem pequenos conflitos entre o poder civil e o poder eclesiástico, chamemos-lhe assim para simplificar. No caso presente o “conflito” que está latente prende-se com a feitura da festa de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Diz-nos a tradição que, desde que os vivos se lembram, sempre a referida festa tem sido efectuada no último Domingo de Agosto. Manhã cedo e a pé os peregrinos têm-se deslocado para aquele santuário anos e anos a fios no último domingo do mês de Agosto. É uma tradição e vale por isso. Entende agora o Sr. Padre Pacheco, digno pároco da nossa paróquia, que o dia em que Nossa Senhora nasceu ( incluindo a Mãe dos Homens, pois que Nossa Senhora há só uma, ainda que uma infinidade de nomes) é o dia 8 de Setembro, pelo que em termos eclesiásticos era muito mais correcto fazer a peregrinação à Senhora Mãe dos Homens em 11 de Setembro, por ser o Domingo mais perto daquela data. Daí uma série de indirectas lançadas na missa do passado Domingo, uma promessa de que iria repensar o seu regresso de férias antecipado para dia 28 e depois à noite, no final da procissão, a informação de que afinal a festa de Nossa Senhora Mãe dos Homens sempre será a 28 de Agosto e que a missa e procissão em redor da capela será presidida pelo Pároco Amândio, de Malarranha.
De tudo isto o que me parece é que a festa deverá ser mantida no último Domingo de Agosto. É tradição, perde-se nos tempos esta data. No entanto, se a Igreja pelos seus Doutores decidisse que a data deveria ser outra, também não me pareceria que daí viesse mal ao mundo e muito menos aos paroquianos de Avis.
Se esta situação for encarada como um braço de ferro, digamos que para já, a sociedade civil levou a melhor sobre o poder eclesiástico.
Até quando?

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

O MISTÉRIO DA RUA SIMÃO TELES VARELA...

Mais poderá parecer um título de um livro policial, mas na verdade não o é. Eu passo a explicar: há vários dias que tenho andado intrigado com o facto de na Rua Simão Teles Varela ( no lado dos números ímpares) existirem vários garrafões cheios de água junto das portas e igualmente junto dos candeeiros. Com a crise de água que por aí há até cheguei a pensar que por ali se dispensasse água de algum furo para poupar a da rede. Puro engano. Explicaram-me o seguinte: os garrafões estão ali colocados ( eu contei sete ) para evitar que os cães façam daquelas portas e candeeiros casas de banho para as suas necessidades líquidas.
Não sei se resulta ou não, mas se calhar quanto à poupança de água é capaz de resultar, isto é, lavar a rua para evitar os maus cheiros do xi-xi canino sempre deveria levar mais que sete garrafões de cinco litros...

sábado, 13 de agosto de 2005

VOLTANDO A FALAR DE PLACAS...

Se calhar sou “chato” mas vou falar mais uma vez de placas de sinalização. E é curioso que, e confesso a minha ignorância, há cerca de dez minutos no programa televisivo “Um contra Todos” aprendi que a entidade responsável pela colocação de placas na via pública é a Câmara. Eu até pensava que teria a ver com a Direcção Geral de Viação...
Mas voltando às ditas: penso que faria todo o sentido a colocação de uma placa sinalizadora de aproximação de escola/crianças, aí por perto talvez da barbearia do Mestre Orlando. Isto porque quem desce a R. António José Almeida no sentido Jardim do Mestre/Largo dos Correios, se não for de cá, apenas se apercebe da dita escola já em frente da mesma. É certo que está lá uma passadeira e uma placa indicadora de passagem de peões, mas até esta está “encostada” à passadeira e não a alguma distância. É certo que se transitasse aos 30 Km regulamentares dentro da vila, era uma coisa, mas todos sabemos que isso é apenas teoria.

Junto à referida escola da “Primária”, e num sítio onde passam diariamente em tempo de aulas, dezenas de crianças existe uma placa da Região de Turismo de S. Mamede que tem os fios eléctricos à mostra e em condições de qualquer criança lhe mexer. A lâmpada que devia iluminar a placa há muito que está fundida. Alguém me dizia há dias que cada vez que ali passa “ mete os fios para dentro, para não lhe tocarem”. É um perigo, a não ser que estejam desligados...mas nesse caso era preferível lá não estarem.

Para terminar esta “sessão” de placas: ontem, sexta-feira, às cinco da manhã, três “jovens heróis” da nossa noite, resolveram vandalizar, destruindo, uns placares que se encontravam à entrada da nossa vila (estilo Rota dos Vinhos do Alentejo...), no sentido de quem tem acesso vindo dos lados do Alcórrego. Disse-me quem viu, que ainda teve vontade de pegar na espingarda e dar dois ou três tiros de intimidação (Para o ar?). Porque esta pessoa que presenciou o acto me identificou os indivíduos com nomes e tudo, e para que não recaiam suspeitas erradas, os “anormais” em causa não pertence a nenhuma minoria étnica e são residentes em Avis...

sexta-feira, 12 de agosto de 2005

MOMENTO DE POESIA

A poesia que vos vou transcrever pertence a um autor desconhecido. Como sabemos, a língua portuguesa por vezes é traiçoeira e receoso de que as quadras que ides ler possa ferir susceptibilidades mais sensíveis, começarei por vos relembrar o que é um CUME. Segundo o Dicionário de Português, 4ª Edição da Porto Editora. Ldª, a páginas 410 diz assim: CUME, s.m. A parte mais elevada; cimo; alto; topo; coruto ou coruta; fig. Auge; apogeu. (lat. Culmen).
Dada esta explicação espero que desfrutem estes simples versos, que vieram acidentalmente parar a minhas mãos, com tanta alegria quanto eu desfrutei. Se forem lidos em voz alta e apressadamente ainda soarão melhor ao ouvido....

POESIA DO CUME

I
No alto daquela serra
Semeei uma roseira
O mato no CUME arde
A rosa no CUME cheira!
II
Quando cai a chuva grossa
A água do CUME desce
O orvalho no CUME brilha
O mato no CUME cresce
III
Mas logo que a chuva cessa
Ao CUME volta a alegria
Pois volta a brilhar depressa
O sol que no CUME ardia
IV
E quando chega o Verão
E tudo no CUME seca
O vento o CUME limpa
E o CUME fica careca
V
Ao subir a linda serra
Vê-se o CUME aparecendo
Mas começando a descer
O CUME se vai escondendo
VI
Quando cai a chuva fria
Salpicos no CUME caem
Abelhas no CUME picam
Lagartos do CUME saem
VII
À hora crepuscular
Tudo no CUME escurece
Pirilampos no CUME brilham
E a Lua no CUME aparece
VIII
E quando vem o Inverno
A neve no CUME cai
O CUME fica tapado
E ninguém ao CUME vai
IX
Mas a tristeza se acaba
E de novo vem o Verão
O gelo do CUME cai
E todos ao CUME vão


(Temos que confessar que pelo menos é deveras imaginativo. Parabéns ao seu autor)

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

CNF=Conversas de Café=Conversas não Confirmadas

- Então já sabes quem é que cá vem actuar para a Feira de Setembro?
- Parece que vem a Mafalda Arnaut, os Xutos e Pontapés..
- Outra vez?
- Pois pá, mais Os Anjos e mais....

Tive que sair do café porque estava quase a chover e eu não tinha chapéu de chuva.
Que raio de azar o meu que nunca oiço as conversas até ao fim!

CNF=Conversas No Café=Conversas Não Confirmadas

Dois elementos de um dos Partidos Sufragáveis nas próximas Autárquicas em Avis dialogavam no café:
- Então já temos as listas completas cá na freguesia de Avis?
- Não, pá, ainda não temos a lista toda.
- E já falaram com aquela que a gente sabe?
- Já, mas ela disse que este ano não pode fazer parte da lista porque a filha está quase a acabar o curso e depois tem que ver se a “encaixa” na Câmara...
- O quê? Disse isso a ....

... Eu estava de saída e acabei por não ouvir o nome nem saber quem é que não podia fazer parte da lista de um Partido Sufragável em Avis, só porque quer “encaixar” a filha na Câmara.

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

PASSAGENS DE MENOS E PLACAS DE MAIS....

Com a reabertura do estabelecimento de Apostas Mútuas Desportivas em Avis, as ruas que lhe dão acesso são cada vez mais atravessadas...sem segurança. Ora acontece que não existe ali nenhuma passagem de peões, o que me parece seria de todo o interesse existir, nomeadamente no cruzamento da Rua Machado dos Santos com a Rua 1º de Maio, junto à Caixa Geral de Depósitos. Dir-me-ão que o trânsito não é tanto que não se possa esperar um minuto para que se possa atravessar sem perigo de atropelamento. Mas se calhar tal já não será a opinião de pessoas como o Mestre Orlando que diariamente ali tem que passar. De mais a mais já ali existiu uma passagem de peões devidamente assinalada no pavimento. Após um dos melhoramentos da via, apenas ficou o alcatrão, as “riscas” foram-se e não voltaram.
O que continua lá a mais é a placa sinalizadora dos pontos de interesse da vila. Obviamente que faz falta, mas não no local e com a altura que tem. Na passada segunda feira foi a minha vez de lá bater com a cabeça. Do embate ficou um galo e uns óculos torcidos, que não chegaram a quebrar. Que eu saiba já fui o quarto a bater-lhe, sendo que o caso mais grave terá sido do ex-gerente da Caixa Geral de Depósitos, Sr. Victor que teve de ser soturado no Centro de Saúde de Avis.
Até quando?

sábado, 6 de agosto de 2005

CONTO: "UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADES POLÍTICAS" - CONCLUSÃO

- Meus vizinhos e vizinhas. O que acabámos de ouvir não foi mais do que as sensibilidades de quatro pessoas boas que querem o bem da sua terra, que querem o bem da nossa gente. Cada um por si tem influências tão grandes que poderão, em conjugação de esforços mudar a nossa forma de vida. Mas reparai: se tivermos casas novas, não aprenderemos a ler e a escrever. Se tivermos mais vacas a dar leite teremos mais hipótese de apanhar a febre da malta porque continuaremos sem médico na nossa aldeia. Eu proponho: porque não avançar com um outro nome entre os presentes e estes quatro Paredenses ficarem como secretários ou tesoureiros da nossa Junta?
...................................................................................
“ Acta nº 17/97 : Aos 4/12/97 tomou posse como Presidente da Junta de Freguesia de Paredes da Ribeira Seca, Francisco Silva Esperto secretariado por Dr. Manuel..., e por Samuel.....; Tesoureira Ana...e Professor Malaquias... como Tesoureiro suplente”
FIM
AVIS, 27 DE JULHO DE 2004

AVIS SOB UM MANTO DE FUMO

Desde o início da noite ( das 21 horas de sexta e até agora, 1,30 da manhã de sábado) que um manto de fumo cobre Avis. À primeira vista quem olhar para a muralha fica com a sensação de que se trata de um denso nevoeiro. No entanto o cheiro a queimado não deixa dúvidas : existe fogo por perto. O cheiro introduziu-se pelas frinchas das portas e janelas fechadas, como que a querer alertar as mentes mais descuidadas de que o fogo é uma desgraça a nível nacional e que pode tocar a qualquer um e em qualquer altura. Lá fóra o ar está irrespirável, apesar de nos encontrarmos a distância do foco de incêndio que confesso desconhecer. O que será nas suas imediações? Aqui fica a minha solidariedade para todos aqueles que abnegadamente combatem esta praga que a pouco e pouco vai transformando Portugal num enorme brasido e que num futuro não muito distante virará semidesértico. Para os Bombeiros, populares, militares e às famílias atingidas renovo a minha solidariedade.
Enquanto isto, mais altos responsáveis políticos a nível nacional, continuam de férias como se nada de catastrófico se passasse no seu país ( ou este não será o seu país?).
Por coisas menos graves houve quem cancelasse viagens de estado, quanto mais férias...

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

CONTO: " UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADES POLÍTICAS" - PARTE 5

- Como sabem eu sou uma mulher de poucas palavras: “pão, pão, queijo, queijo” é o meu lema, na vida e na venda. Temos que arranjar mais vacas leiteiras para a nossa terra. Se assim não fôr, como podereis continuar a comprar a broa e o chouriço para o caldo verde? E a pouca produção leiteira torna tudo mais difícil, não se esqueçam que vai aumentar o quinhão com que eu fico para repartir com a Central Leiteira do Norte. Quando eu fôr Presidente tenho influências suficientes no IFADAP, para arranjarem dinheiro a juros bonificados para comprarem mais vacas. O futuro está em mim e nas vossas vacas. Se não fosse cá por coisas diria que sou tão importante para vós como as vossas vacas. Tenho dito!
Anotei : a Ana da venda quer mais vacas a produzir leite e entre parêntesis (ou quererá mais lucros na sua venda e na parte que cobra pelas recolhas ?).

Acabados o último aplauso da sessão, olhei para os meus apontamentos, enchi-me de coragem e disse:



(CONCLUI-SE AMANHÃ)

CONTO : " UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADES POLÍTICAS" - PARTE 4

- Meus caros eleitores: a situação é de tal modo grave e melindrosa que a grande maioria de vós que aqui estais, nem sabeis fazer uma cruz condigna num boletim de voto. Sabeis? Claro que não. E porquê? Porque ninguém vos iluminou com a sapiência da escrita. Comigo na Presidência, cada Paredense será um muro de sabedoria e eu serei o vosso explicador particular! Tenho influências pessoais para pôr aqui uma casa de explicações, donde brote a sabedoria que vós ignorais! Percebestes?
A Maria Pileca olhou para mim e sussurrou-me : “ Xico Esperto, perceber não percebi, mas lá que ele falou bem, falou”. Enquanto as palmas ecoavam pelo enorme salão anotei:
O Professor quer mais ensino e acrescentei entre parêntesis ( à custa de explicações dadas por ele e pagas pelos Paredenses
).

Finalmente discursou a Ana da venda, mulher de poucas palavras :



(CONTINUA AMANHÃ)

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

CONTO : "UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADES POLÍTICAS" - PARTE 3

- Certamente que acreditarão que me deu mais trabalho a escrever estas simples palavras que vos vou ler, do que a executar os planos que tenho em mente. Quem é que ainda não reparou no estado lastimoso das nossas estradas? Estradas, não, caminhos e de vacas. Ainda há dias a Ti Maria Pileca me pediu ajuda porque a vaca da filha estava atolada ali ao fundo da Rua do Meio. Não fosse a minha camioneta e não teríamos conseguido tirá-la de lá. Eu não sou mentiroso : não é verdade ti Maria Pileca?
Reparei na Ti Maria que abanava a cabeça que sim, enquanto a filha deitava uns olhos algo comprometedores para o Samuel empreiteiro. Este continuava:
- E as vossas casas? Quase todas a cair. Quando eu ganhar as eleições para Presidente tenho influências suficientes para arranjarem empréstimos bancários para que todos tenham as vossas próprias casinhas, além, claro, de estrada nova para a sede do concelho e ruas arranjadas. E mais, do meu próprio bolso arranjarei a viga da Santa Igreja que já está podre.
A assistência brindou o orador com uma enorme salva de palmas, enquanto o Sr. Padre Bento disse não muito alto mas perceptível no sítio onde eu me encontrava um “Amen” de esperança. Sublinhei no meu caderninho:
o Samuel empreiteiro quer mais casas e estradas novas ( ou quererá aumentar o seu negócio de construção civil?).
O Professor Malaquias era um letrado, um iluminado pelo dote oratório e assim foi rápido e directo ao assunto:


( CONTINUA AMANHÃ)

terça-feira, 2 de agosto de 2005

CONTO: " UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADES POLÍTICAS" - PARTE 2

- Antes de tomar a decisão de me candidatar ao cargo de Presidente da Junta de Freguesia de Paredes da Ribeira Seca, estudei muito bem as necessidades da nossa terra. O que mais me preocupa é o estado de saúde da nossa população, cada vez mais envelhecida, cada vez mais a precisar de ajuda médica. As minhas influências pessoais permitem-me garantir a todos os Paredenses Secos que se fôr eleito Presidente, passará a vir diariamente à nossa freguesia um médico de família para nos acudir nas nossas doenças. Certamente que nenhum de vós será insensível ao grave problema que é a falta de assistência médica a que o Governo central nos obriga. Comigo vai haver mudança! Vacinas e remédios para todos, já!
A assistência irrompeu num farto aplauso, enquanto eu, tomei umas notas num caderninho que levava, tendo sublinhado o seguinte, que era afinal a ideia forte deste candidato:
O Dr. Manuel da farmácia quer mais consultas médicas. Entre parêntesis escrevi: (ou quererá vender mais remédios?).

A seguir e de acordo com a tal ordem previamente sorteada leu o seu discurso o empreiteiro Samuel, homem de pouco à vontade no falar de improviso, razão pela qual trazia o seu discurso alinhavado no verso de um orçamento que fizera há pouco. E leu assim:


(CONTINUA AMANHÃ)

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

CONTO : "UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDAES POLÍTICAS"

Com o aproximar das eleições Autárquicas, em que todas as semanas nos vão “atirando” com candidatos salvadores das nossas Freguesias e Câmaras, lembrei-me que em Julho de 2004 escrevi um Texto/Conto que de algum modo poderá ter interesse em ser agora e aqui transcrito. Foi tão somente o desafio a um tema lançado pelo Município do Redondo e confesso que com este texto/conto não ganhei qualquer prémio. Por acaso ganhei com outro, mas este é o que considero mais pertinente para esta ocasião. No entanto, penso igualmente que um blogue não deve ser uma coisa demasiado massuda, deve ser “levezinho” de se ler. Por isso dividi o conto em seis partes e irei durante esta semana apresentar diariamente uma parte desse texto. Se não acharem interesse, não me desanimará pois tal foi já a opinião do júri que o analisou o ano passado. No entanto, gostaria de poder contar com a vossa opinião, via e-mail. Vamos pois à 1ª parte do conto, deixando desde já a chamada de atenção de que se trata de pura ficção e que qualquer semelhança com lugares, factos ou pessoas é pura coincidência. O tema proposto para concurso era "Sensibilidades".


TÍTULO : UMA QUESTÃO DE SENSIBILIDADES POLÍTICAS

Pseudónimo : XICO ESPERTO

As eleições para a Junta de Freguesia aproximavam-se a passos largos. Fartos de sermos enganados em sucessivos mandatos anteriores, resolvemos em Paredes da Ribeira Seca, organizar um comício com a presença de todos os candidatos à Junta. A hora aprazada foi a das oito da noite, o que, por ser Inverno, nos permitia já ter àquela hora feito a ordenha e a entrega do leite das vacas no respectivo posto de recolha. O jantar, invariavelmente composto de caldo verde das hortas, acompanhado com broa e rodelas de chouriço caseiro, também já tinha sido deglutido, pelo que se esperava que a Casa do Povo fosse demasiado pequena para albergar algumas das cerca de setecentas almas do povoado. É sabido que a estas coisas poucos aparecem, mesmo tratando-se dos seus interesses futuros, mas a realidade é que ainda assim por volta das oito e meia da noite estavam cerca de duzentas pessoas que enchiam por completo a Casa do Povo, tendo tido mesmo necessidade de ocuparem a parte habitualmente utilizada nos casamentos. Até o Sr. Padre Bento esteve presente.
Eram quatro os candidatos ao cargo de Presidente da Junta : o Dr. Manuel da Farmácia, o Professor Malaquias, o empreiteiro Samuel e a Ana da venda, que era onde se situava o posto de recolha do leite das vacas da nossa terra. Como se verá a seguir todos tinham sensibilidades diferentes perante as necessidades de uma mesma terra e uma mesma gente. O primeiro a falar, ou a “botar discurso” como nós costumávamos dizer foi o Dr. Manuel da Farmácia, não por ser Doutor, foi só porque calhou assim no sorteio efectuado anteriormente. Falou e disse:

(Continua amanhã...)