Na semana em que pela primeira vez na história da democracia em Portugal uma mulher, Assunção Esteves, é nomeada para o cargo de Presidente da Assembleia da República ( a primeira mulher portuguesa a exigir votar foi Carolina Beatriz Ângelo, em 1911, para o Parlamento Republicano Constitucional); na semana em que arrancou a nova época do Benfica “só” com 42 jogadores embora as novas contratações continuem(Jesus vai fazer o milagre de que joguem 22 jogadores por jogo e em simultâneo, já que tem o “poder” de fazer pensar que onze dos jogadores serão tão somente as sombras dos outros onze…esperto!); na semana em morreram duas pessoas que eu admirava: o Sr. Betencurt em Sousel e o actor Peter Falk, que encarnou a personagem do detective Columbo ; na semana em que Avis recebe, Sábado e Domingo na Zona do Clube Náutico, o V Troféu de Remo Mestre de Avis, que irá contar com a participação de cerca de 300 remadores de 20 equipas de todo o país e em que o 1º prémio é um artístico trabalho do nosso querido escultor Francisco Alexandre; na semana em que o Verão apareceu a sério esperamdo-se já temperaturas a rondar os 40 graus para este fim-de-semana; na semana em que vou ser padrinho de mais uma linda menina ( as meninas mais bonitas do concelho de Avis são todas minhas afilhadas!) passando a contar nada mais nada menos que com NOVE afilhado(a)s de baptizo; ;na semana em que a máquina fotográfica da redacção “DO CASTELO” recobrou as suas totais faculdades “objectivas” eis que chega mais uma Cesta de Poesia.
Denotando uma extraordinária admiração pelo seu Alentejo, JOSÉ DA SILVA MÁXIMO, de Marvão, delicia-nos hoje com este lindo poema:
Eu nasci no Alentejo
À sombra de uma azinheira
Sou o produto dum beijo
Dum pastor e uma ceifeira!
Cada qual onde nasceu
A sua terra lhe chama
E com mais carinho a ama
Se nessa terra cresceu!
Foi o que me aconteceu
Neste Alentejo que eu vejo
E digo se tenho ensejo
Com certo orgulho e vaidade,
Não sou homem da cidade
Eu nasci no Alentejo.
Alentejano que sou,
É com prazer que o digo,
Renegá-lo não consigo
Nem na mente me passou;
De certeza que não vou
Proceder dessa maneira,
Nem me dá susto a torreira
Se nasci em pleno V’rão,
Neste Alentejo do pão
À sombra duma azinheira!
Sou filho duma amizade
Nascido em meio da pobreza
Criado p’la Natureza
Algures em plena herdade;
Mas digo em boa verdade
Que outra terra não invejo
E gritar é meu desejo
Desde manhã ao sol-pôr:
Eu sou filho do amor!
Sou o produto dum beijo!
Vivo na terra barrenta
Do Alentejo dourado,
Neste chão abençoado
Que muito povo alimenta!
Eu sou aquele que enfrenta
A miséria traiçoeira,
Durante uma vida inteira
Sem da vida dizer mal,
Porque sou filho afinal
Dum pastor e uma ceifeira!
10-05-1995