Já chegou a alguns lares de destino o Nº 34 da Folha Informativa "Águia" da Amigos do Concelho de Aviz - Associação Cultural. Era suposto terem sido todas entregues na passada Sexta-feira, mas por impedimento de um dos habituais distribuidores, só metade da vila é que ficou com este serviço da ACA assegurado. Amanhã, segunda-feira, já todos ficarão a saber porque é que o Sr. João Guilherme, de Ervedal, teve um Encontro com alguém que nem sequer viu; porque é que o amigo Joaquim Pífano reencontrou um Messershmitt alemão que na altura em que deixou de ser seu encontro frequente estava ao serviço dos Aliados; saiba porque é que o melhor encontro do Ricardo Nunes foi o seu maninho; saiba o que aconteceu a duas pessoas que se encontraram por acaso no aeroporto, lendo o que sobre isto escreveu Maria Fátima Valente e saiba muitas outras coisas de Encontros e desencontros pois que de ENCONTROS trata o tema de capa desta Águia.
domingo, 31 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
CESTAS DE POESIA (CV)
Antes das “Cestas” duas chamadas de atenção para dois acontecimentos a acontecerem amanhã:
Às 15 horas, na Sede da Amigos do Concelho de Aviz -Associação Cultural, reunião do Grupo de Avis do Projecto Limpar Portugal. É muito importante estar presente
Às 17,30 horas actuação da Banda Filarmónica Galveense, em concerto no Auditório Municipal Ary dos Santos. È um espectáculo digno de ser visto!
Posto isto, vamos então à sessão número cento e cinco das nossas “Cestas de Poesia”.
Rebusquemos ainda do já referido Livro ”Poetas Populares - 3º Volume” da autoria de Fernando Cardoso o seguinte:
Conta-se que certa vez, Jaime Velez, o Manta Branca foi de abalada até á vila de Sousel para ali, na feira de S. Miguel, comprar um casacão que o agasalhasse do frio. Como voltou à Herdade da Macarra sem o dito casacão e indagado sobre o que lhe acontecera, respondeu de improviso:
“O meu casaco velhinho
Eu com ele me governo,
Gastei o dinheiro no vinho
Não me lembrei do Inverno."
Era assim o Manta Branca, com resposta sempre na ponta da língua e quase sempre em verso,
E agora as décimas que constam na página 75/76 do livro acima mencionado:
P’rás modernas quebraduras (1)
Já não chegam os doutores
Saram depressa as costuras
Outros que sofram as dores
Novos ricos emigrados
Estão-se vendo a toda a hora
Põem-se a cavar p’ra fora
Dizendo que estão quebrados.
P’ra outros serem curados
É preciso haver costuras
Subiam grandes alturas
Nem só um quebrar se via
Hoje é preciso cirurgia
P’rás modernas quebraduras (1)
Viam-se ricos “estadões” (2)
Viam-se grandes riquezas
Hoje não chegam as marquesas
P’ra fazer as operações,
Fogem para outras nações
Os que então eram senhores
Mostravam os seus valores
Noutros tempos atrasados
Hoje querem ser operados
Já não chegam os doutores.
Muitos se deram felizes
Antes da época baixar,
Uns quebram com falta d’ar
Não se vêm as cicatrizes,
Lá julgam noutros países
Haver cirurgias mais puras
P’ra se livrarem às censuras
Fogem p’ra nações estrangeiras
Com o remédio nas algibeiras
Saram depressa as costuras
Já não chega a medicina
Para mal dos migalheiros
P’ra fazerem barrigueiros (3)
Não chegam as oficinas
Sofrem imensas ruínas
Sendo delas causadores
E fazem os seus clamores
Se a quebradura os atrasa
Uns que vão batendo a asa
Outros que sofram as dores.
1 – qubraduras – falências
2 – ricos estadões – faustos
3 – barrigueiros - barrigudos
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
AMANHÃ, QUINTA-FEIRA, HÁ CAFÉ COM LETRAS
Amanhã, quinta-feira, há Café com Letras na Sede da Amigos do Concelho de Aviz – Associação Cultural. Em debate vai estar um tema que apesar de nos ser muito querido, nem sempre é por nós praticado: Vai falar-se de SOLIDARIEDADE e o orador vai ser o Dr. NUNO VARELA, sociólogo no Instituto de Segurança Social em Portalegre.
A hora aprazada para este evento é as 18 horas. Se por acaso não puder estar presente, faça o favor de passar palavra a alguém que possa estar interessado em ir.
A ACA agradece.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
AVIS EM ALTA - HERDADE DA CORTESIA HOTEL FOI DISTINGUIDO
Titula o Jornal Fonte Nova, de Portalegre na sua edição 1718 de sábado, 23 de Janeiro do corrente mês, o seguinte que com a devida vénia passamos a transcrever:
"O Herdade da Cortesia Hotel foi distinguido
"O Herdade da Cortesia Hotel foi distinguido
No âmbito da 5ª edição do Prémio Turismo de Portugal, a Herdade da Cortesia Hotel, localizada em Avis, nas margens da Albufeira do Maranhão, em pleno coração da região do Norte do Alentejo, obteve uma Menção Honrosa, na categoria de "Novo Projecto Privado".
A distinção atribuída a este empreendimento que, no ano de 2009, viu reconhecido o seu contributo para o desenvolvimento do sector do turismo nacional, uma afirmação evidenciada pela sua qualidade e inovação, foi entregue, no dia 13 de Janeiro, em cerimónia pública realizada aquando da abertura da 22ª edição da "Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) 2010".
A notícia pode ser verificada aqui:
“DO CASTELO” endereça os parabéns a todos quantos trabalham e colaboram neste empreendimento, pelo prémio alcançado.
sábado, 23 de janeiro de 2010
PROJECTO LIMPAR PORTUGAL - GRUPO DE AVIS NO TERRENO
Hoje o dia até não amanheceu convidativo. Às sete da manhã o céu estava muito nublado e havia algum vento. Estava aquilo que se pode dizer uma manhã a apelar à cama, ao levantar tarde, principalmente para aqueles que têm a dura tarefa de se levantar cedo todos os dias, por obrigações profissionais.
O Grupo Concelhio de Avis do Projecto Limpar Portugal, tinha agendada uma visita ás lixeiras ilegais, melhor, a algumas lixeiras ilegais do nosso concelho, e às 9 horas, lá se foi juntando o grupo de voluntários, vencendo sonos e cansaços.
Nestas coisas os atrasos do costume: um que só pode ir depois do pão chegar, outro que, com a pressa, se esqueceu do copo de leite dentro do microondas e teve que ir beber qualquer coisa quente à “Pastelaria Laranjeira”.
Às 9 e 25 ala que se faz tarde! À estrada! Sob a mão de volante do eco-amigo Ângelo Rosado rumou-se em direcção a Aldeia Velha. Local de paragem, junto ao campo de futebol. Chegámos: a primeira lixeira estava ali à nossa frente e à frente de todos quantos moram em Aldeia Velha: plásticos variados, pneus, madeiras, vidros, cimento, esferovite, ferro. Há por ali de tudo e em quantidade q.b.. Dizem-nos que muito do lixo que ali existiu foi soterrado, quer dizer, está lá mas não se vê. Feito o levantamento deste local, o próximo destino foi Benavila, ali bem junto à margem esquerda da barragem e igualmente do lado esquerdo mas da ponte que dá acesso a Valongo, no sentido Benavila -Valongo. Um caos! Além de toda a espécie de lixos da lixeira de Aldeia, juntemos-lhe garrafas de vidro, muitas garrafas de vidro, mais entulho, mais sapatos, casacos de cabedal, cartuxos de caça e muitos plásticos que inicialmente se pensou poderem ter sido radiografias. Uma análise mais cuidada levou-nos a concluir que se trata de dezenas e dezenas de plásticos brancos que em tempos protegeram dos dentes das lebres os tenros troncos das jovens oliveiras plantadas nas imediações. Não havia melhor destino do que deitá-los ali para junto da barragem. O vento encarregou-se de espalhar muito deste lixo para dentro da dita barragem. Um autêntico crime ecológico sem punição. Mais um!
Após meia-hora de análise deste local, atravessamos Benavila e vemos como o lixo se amontoa junto dos contentores, à entrada junto das instalações de um antiga Cooperativa e depois à saída na estrada que nos levará à Figueira. Por detrás dum acampamento benavilense corre um regato onde, apesar da chuva, se vêem melhor os plásticos soltos do que a água a correr.
Rumemos pois a Figueira e Barros não sem antes pararmos já nas imediações do Monte do Chafariz onde existiu em tempos uma lixeira pública, legalizada. Dizem-nos que com a chegada da Valnor aquela lixeira acabou mas o seu encerramento não foi um exemplo. Os lixos foram soterrados e a pouca distância da extinta lixeira está uma mini-barragem e corre uma linha de água.
Figueira e Barros - junto ao campo de futebol. Mais do mesmo. Mais e muito: por íngremes barreiras amontoam-se centenas e centenas de quilos de lixo: plásticos, entulho, de tudo. Limpar esta lixeira é de dificuldade elevada dado o difícil acesso ao lixo lançado barreiras abaixo.
Deixemos a Figueira e rumemos ao Ervedal com vários “pontos de interesse” pelo meio. Antes mesmo da ponte da Figueira, do lado direito da mesma lá se vê o efeito pernicioso da mão criminosa do homem mal formado. Ribeira de Sousel: O CÙMULO! Mesmo antes da ponte e do lado direito da estrada imagine-se, contaram-se 12 (doze) ovelhas mortas, a apodrecer, rés-vés com a barragem…e com a estrada nacional O cheiro é nauseabundo apesar das baixas temperaturas. Além das ovelhas mortas tudo o que já referenciámos nos outros locais de depósito ilegal de lixo. Ah! Acrescentaremos colchões, muitos, mas mesmo muitos, cartuxos de caça.
A propósito do detectado nesta lixeira contou o Sr. António Henriques, o elemento mais velho desta equipa de boa vontade, que, no seu tempo não se escondiam as ovelhas mortas nos barrancos. Deixavam-se no campo bem à mostra para que se fizesse a “Justiça do Maranhão”. E o que era a “Justiça do Maranhão”? Pois bem, os animais mortos atraíam os abutres que os dizimavam só deixando os ossos. Ao tempo, aos abutres chamavam-lhes avestruzes, mas isso pouco importa. Talvez que a Justiça fosse do Maranhão por ser de lá, das suas fragas, que vinham provavelmente os tais abutres. Agora que há tantos meios legais para se verem livres destas situações, escondem-nos bem junto ( quem sabe se também dentro) da barragem do Maranhão.
Falta-nos só visitar uma das lixeiras previamente referenciadas pelo Grupo de GPS do Núcleo de Avis do Projecto Limpar Portugal. Ponte da Ribeira da Caniceira e inflictamos à esquerda (vindo da Figueira e Barros, via Estrada Nacional Nº 244). Saibreira. A maior. Dada a sua enormidade faz-me lembrar a lixeira que existiu em tempos nas proximidades da actual ETAR. Tanto lixo, mas tanto…e a Ribeira da Caniceira ali tão perto! Vigas de cimento, plásticos (sempre os malditos plásticos!), pneus de todos os tamanhos e feitios, mobiliários, madeiras dispersas…lixo, muito lixo.
Acabada esta visita de estudo, como alguém muito bem lhe chamou, foi hora de voltar a Avis. Chegámos às 13 horas.
Estas lixeiras estão referenciadas, vistas e agora há que tomar medidas. Quais? Não sabemos. Bom seria que todos aqueles que lerem estas linhas se juntassem a esta causa, ao Grupo de Avis do Projecto Limpar Portugal.
Não concordando com o pensamento de certa gente que acha que “quem suja que limpe”, continuamos dispostos a lutar por esta causa, a título inteiramente gratuito, repito e sublinho, a título inteiramente gratuito, no pressuposto de que se todos pensássemos do mesmo modo, se calhar só os padeiros é que comeriam pão, por serem eles que o fazem.
Para terminar, que esta “reportagem” já vai longa, lembrei-me de que agora há por aí a mania de se comentarem fotografias do facebook em quadras. E mais estando aí os VIII Jogos Florais de Avis, a que nos referiremos oportunamente, e dos quais consta a bonita quadra de Aníbal Fernandes:
QUEM SÓ VIVE DO PASSADO
E SE VÊ TÃO INSEGURO,
DÁ PRESENTE ENVENENADO
AOS QUE OLHAM O FUTURO
Lembrei-me de, apesar da falta de jeito, também fazer uma quadra que acabou por sair mal e porcamente:
Quem só vive do passado
Á espera daquilo que herda,
Também fica bem lixado
Que de cá só leva merda ...
Tenho dito.
P.S.: Por razões que desconheço (por enquanto), não consegui legendar as fotografias. Assim temos, por ordem decrescente de posicionamento: em primeiro lugar a Lixeira de Aldeia Velha, depois Benavila, segue-se a da Figueira e Barros, depois a da Ribeira de Sousel e finalmente a da Saibreira (Ribeira da Caniceira-Ervedal).
Para uma melhor percepção, aconselhamos a ampliar as fotografias.
Para uma melhor percepção, aconselhamos a ampliar as fotografias.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
CESTAS DE POESIA (CIV)
As “Cestas de Poesia” alcançaram hoje a sua publicação nº 104.
Sabendo-se que o ano tem 52 semanas, quer isto dizer que há dois anos que, sem falhar uma semana, por aqui passaram 104 poesias de poetas da nossa terra, e sempre em décimas. Nem eu próprio acreditava na longevidade desta iniciativa.
Digamos que para comemorar este “acontecimento” vou contar-vos aquilo que o meu amigo António Henriques me contou acerca do meu actual homenageado, JAIME VELEZ, O MANTA BRANCA. António Henriques confessa-me orgulhoso:
- Acompanhei muitas vezes o Jaime aí nas feiras. Tinha eu para aí os meus dezanove, vinte anos e era certo e sabido que quando eu não andava com as cachopas, estava a ouvi-lo cantar ao desafio nas feiras que por ai havia…Conta-se que certo dia o Jaime fazia-se acompanhar por um sobrinho, que como ele era ganhão na Herdade do Lameirão. Em determinada altura uma cotovia saltou do chão ali quase debaixo dos seus pés e começou a dar pequenos voos não abandonando o local, tal como fazem quando estão a chocar os ovos. Então o tio lançou um desafio ao sobrinho:
- Vamos fazer uma quadra à cotovia. Eu faço os dois primeiros versos e tu acabas. Pode ser?
Então disse o Jaime Velez:
Está aqui uma cotovia
A chocar uns poucos de ovos…
Ao que o sobrinho rematou:
O sol quando é ao meio-dia
É quando alumia mais povos
Então o Jaime disse-lhe:
- Não está mal de todo. Mas tu fugiste “à consoante”. Começaste na cotovia e acabaste no sol. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Não faz lá grande sentido. Ora vê lá se assim não ficava melhor:
Está aqui uma cotovia
A chocar uns poucos de ovos…
Deve tirar qualquer dia
Um bando de pássaros novos.
Não achas que está melhor?
Por esta passagem conclui-se que o Jaime Velez não só gostava de versejar como até “dava aulas de poesia”.
Posto isto voltemos ao livro “Poetas Populares – 3º volume” de Fernando Cardoso para nos deliciarmos com mais umas décimas do Manta Branca.
O arado que o mestre fez
Para lavrar com dois bois pretos
Lavra bem só de uma vez
Até os regos ficam mais “dirêtos”
Lavram a toda a fundura
Todo ele está bem “fêto
É mesmo assim ao meu “jêto”
Está em muito boa altura
Para lavrar em terra dura
É tão firme como o fez
É uma obra cortês
Ver-se lavrar é um gosto
Tudo nele está bem posto
O arado que o mestre fez.
Estou “satisfêto” e contente
Com as peças que lhe vejo
Está bem “fêto” o rabanejo
E bem empalmado no dente
Lavra fundo e lavra assente
Não lhe posso pôr “defêto”
Toda a arte tem “precêto”
Para quem bem os compreenda
Ofereceram-me esta prenda
Para lavrar com dois bois pretos.
Colocados no natural
As aivecas ambas as duas
Já tenho visto charruas
Lavrarem muito mais mal
É uma obra principal
Gabada pelo Velez
Furos naturais tem seis
E dente, teiró e mexilhos
E mesmo atrás de dois novilhos
Lavra bem só de uma vez.
A têmpera nunca falha
A ponte baixa e levanta
Tem um furo na garganta
Aonde a teiró trabalha
Ampara o pescaz quando encalha
Dispenso alguns “sujêtos”
Os que não prestam “rejetos”
Não os gabo nem lá perto
Neste lugar puxa certo
Até os regos ficam mais “dirêtos”.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
MAIS UM MIMINHO "DO CASTELO"
Os melhores leitores merecem sempre os melhores prémios. Assim, “DO CASTELO” tem o grato prazer de oferecer a todos os seus leitores e leitoras aquele que considera ser O PORTAL DOS PORTAIS.
Ora clique aí em baixo e veja lá se não encontra de tudo ou quase tudo…como em algumas farmácias.
Eu acrescentaria: encontra é muito mais.
Vamos experimentar?
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
CESTAS DE POESIA ( CIII )
Antes das cestas : AMANHÃ, ÀS 14,30H, NA SUA SEDE, A AMIGOS DO CONCELHO DE AVIZ - ASSOCIAÇÃO CULTURAL, REALIZA A ASSEMBLEIA ORDINÁRIA: SE FOR SÓCIO COMPAREÇA.
Mote:
Deus me deu de natureza
A sorte que me abraçou
Miséria mal e tristeza
Ainda nunca me faltou
Que ofensa a Deus faria
Para ser tão castigado
Paixões rodeado
Sofro penas sem quantia
Alegre nem só um dia
Aiunda nunca conheci beleza
Herdei do mal a vileza
Na hora em que nasci
Triste cena possuí
Deus me deu de natureza
Para eu ser tão infeliz
Não devia ter nascido
Fui pela desgraça protegido
E o bem desprezar me quis
O mal criou raiz
Nunca mais me abandonou
Alegria se me ausentou
A ventura me fugiu
Tudo quanto é mal adquiriu
A sorte que me abraçou
Tenho que a cruz abraçar
Neste espinhoso caminho
Oiço mal e poucochinho
A vista está me a faltar
Para eu arrastado andar
Bastava a minha pobreza
Ainda para mais baixeza
Tenho em tudo sofrimento
Cada vez com mais aumento
Miséria mal e tristeza
Esta eterna paixão
Sempre minha companheira
Não posso ainda que eu queira
Tirar-me da escuridão
Em tão triste situação
Eu sempre penando estou
Um triste vivente sou
Vivo sempre em amargura
Sofrimento e desventura
Ainda nunca me faltou
Continuemos na senda desse "enorme" poeta popular que foi Jaime Velez, O MANTA BRANCA, socorrendo-nos ainda do livro de Fernando Cardoso, "Poetas Populares" - 3º volume, 5ª edição.
Reproduzimos pois, hoje, mais umas décimas deste Benavilense.
Mote:
Deus me deu de natureza
A sorte que me abraçou
Miséria mal e tristeza
Ainda nunca me faltou
Que ofensa a Deus faria
Para ser tão castigado
Paixões rodeado
Sofro penas sem quantia
Alegre nem só um dia
Aiunda nunca conheci beleza
Herdei do mal a vileza
Na hora em que nasci
Triste cena possuí
Deus me deu de natureza
Para eu ser tão infeliz
Não devia ter nascido
Fui pela desgraça protegido
E o bem desprezar me quis
O mal criou raiz
Nunca mais me abandonou
Alegria se me ausentou
A ventura me fugiu
Tudo quanto é mal adquiriu
A sorte que me abraçou
Tenho que a cruz abraçar
Neste espinhoso caminho
Oiço mal e poucochinho
A vista está me a faltar
Para eu arrastado andar
Bastava a minha pobreza
Ainda para mais baixeza
Tenho em tudo sofrimento
Cada vez com mais aumento
Miséria mal e tristeza
Esta eterna paixão
Sempre minha companheira
Não posso ainda que eu queira
Tirar-me da escuridão
Em tão triste situação
Eu sempre penando estou
Um triste vivente sou
Vivo sempre em amargura
Sofrimento e desventura
Ainda nunca me faltou
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
ONDE PÁRA A MINHA AGENDA?
Estou sempre ansioso que chegue a Agenda Municipal para dar uma vista de olhos e marcar algum acontecimento que me desperte interesse. Por questões que secalhar nem serão muito pertinentes, a Agenda costuma chegar sempre um pouco atrasada no tempo: uns diazinhos de atraso, somente.
Hoje, assim que senti o carteiro mexer na minha caixa de correio logo para lá corri, mas...desilusão: a Agenda ainda lá não estava. Sendo que amanhã já é meio do mês, não acredito que as mesmas ainda estejam por enviar para os CTT para posterior distribuição por aqueles serviços. A mim não me restam dúvidas nenhumas de que a minha Agenda - paga com parte do valor dos meus impostos - se "perdeu" no percurso entre a Câmara Municipal e a minha casa, pois que eu até já vi uma nas mãos de uma pessoa. Desencaminhou-se. Onde é que eu não sei nem faço idéia. Alguém me poderá dar uma ajudinha?
Daí a minha pergunta: onde pára a minha agenda?
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
O CAFÉ COM LETRAS ESTÁ DE VOLTA QUANDO O SR. MANUEL ROSA NOS DEIXOU
Ponto 1 -
Recomeçam amanhã as tertúlias que a Amigos do Concelho de Aviz - Associação Cultural realiza entre Janeiro e Junho, quinzenalmente às quintas-feiras e sempre às 18 horas na sua Sede. Estas tertúlias chamam-se de "Café com Letras" e a sessão de amanhã, segundo "DO CASTELO" conseguiu apurar, será a sessão nº 83. É muito "Café"...
O tema escolhido para a 1ª sessão desta nova série é o debate acerca da GRIPE A, sendo convidada uma técnica que poderá responder a todas as dúvidas que ainda nos assaltam sobre esta pandemia que afinal nem o chegou a ser. Ou terá chegado? Amanhã a Srª Enfermeira GENOVEVA SADIO, profissional no Centro de Saúde de Avis, estará á disposição de todos quantos quiserem beber um cafézinho quente ou um chá enquanto se esclarecem sobre esta matéria.
Ponto 2 -
Curiosamente, ou não, precisamente no dia em que faço referência ao "novo" Café com Letras tenho a obrigação de referir o desaparecimento de alguém que foi um grande assíduo destas tertúlias. Foi hoje a enterrar o meu amigo Manuel Rosa, para sempre o Sr. Manuel. Enquanto as forças lho permitiram o Sr. Manuel não falhou mais que dois Cafés que eu me lembre. Pontualíssimo, por vezes quando a porta da Sede da ACA era aberta assim já muito rés-vés das 18 horas logo o Sr. Manuel comentava que "pensava que vinha enganado, que hoje não havia..." A sua assiduidade era de tal modo marcanate nestes encontros que, lembro-me, uma vez ele não apareceu e eu fui na sexta-feira seguinte indagar o que se passava não estivesse o meu amigo Manuel doente. Tinha-se esquecido e estava deveras incomodado com isso. Sabedor que eu era amante de comer a fruta da árvore logo ali me disponibilizou as suas laranjeiras e tanjerineiras para me saciar.
Era um falador nato. Quantas vezes, nos meus passeios de Domingo passava pela Rua dos Arrabaldes e, no seu quintal, o Sr. Manuel já na casa dos 90 anos, lá continuava a cavar, a arrancar ervas, a regar. Convidava-me sempre a entrar para eu ver o seu trabalho. E eu entrava e conversávamos muito. Sobre tudo. Mas muito sobre os tempos passados. As histórias à volta da Travessa da Rua do Forno, onde há muitos anos atrás funcionava uma casa de banho pública a céu aberto o que incomodava sobremaneira a mulher do Presidente da Câmara de então que morava para aqueles lados. Sobre a vida de trabalho, sobre política, sobre mulheres, pois então!
Um dia falámos de vida e de morte. Depois de filosofarmos à volta desta tema ele, parece que o estou a ver, figura franzina, delgado envergando uma botas de borracha, disse-me:
- Olhe amigo, a gente não sabe quem vai primeiro e para que a gente não tenha muita pena um do outro fazemos assim: você não vai ao meu funeral e eu não vou ao seu. Pode ser?
- Olhe amigo, a gente não sabe quem vai primeiro e para que a gente não tenha muita pena um do outro fazemos assim: você não vai ao meu funeral e eu não vou ao seu. Pode ser?
Achei a proposta esquisita mas aceitei o desafio.
Eu hoje cumpri a minha parte.
Sei que o meu amigo Manuel Rosa também cumprirá a sua.
A toda a família enlutada, "DO CASTELO" apresenta sentidas condolências.
Depois desta sentida homenagem desejo sinceramente que descanse em paz.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
PROJECTO LIMPAR PORTUGAL - NÚCLEO DE AVIS
Reune amanhã, terça-feira, pelas 18 horas na sede da Amigos do Concelho de Aviz - Associação Cultural o Núcleo de Avis do projecto Limpar Portugal. Esta 3ª reunião tem como objectivos continuar a traçar directrizes de modo a que no dia 20 de Março consigamos remover a maior quantidade de lixo ilegalmente depositado pelo Concelho de Avis.
A sua presença é importante.
Compareça.
domingo, 10 de janeiro de 2010
SERRA DE S. MAMEDE (PORTALEGRE) - 16H45M DE HOJE: -1,5º CENTRIGADOS
Foto 1 : "Serra de S. Mamede ( Portalegre)"
Foto 2: "16h45m de hoje"
Foto 3: "-1,5º Centígrados"
Foto 4: " ...lado oeste da Serra..."
Por volta das 09h50m nevava levemente em Avis. A neve, embora não desse para fotografar dado o facto de se liquefazer de imediato, era no entanto visível no limpa para-brisas do carro.
Foto 2: "16h45m de hoje"
Foto 3: "-1,5º Centígrados"
Foto 4: " ...lado oeste da Serra..."
Por volta das 09h50m nevava levemente em Avis. A neve, embora não desse para fotografar dado o facto de se liquefazer de imediato, era no entanto visível no limpa para-brisas do carro.
Em Portalegre, na serra de S. Mamede a coisa chiou mais fino. As imagens que ilustram esta crónica foram tiradas do lado oeste da serra e momentos antes do trânsito para o cimo da mesma ter sido interditado, o que ocorreu por volta das 17h15m. Ao que "Do Castelo" apurou, do lado nascente da Serra nevou muito mais, chegando, em certos sítios da Freguesia de S. Julião, a ter a altura de um palmo.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
CESTAS DE POESIA (CII)
Continuando a falar sobre JAIME VELEZ, " JAIME DA MANTA BRANCA", irei servir-me agora de um livro da autoria de Fernando Cardoso, intitulado Poetas Populares, que no seu 3º volume, já em 5ª edição, se refere demoradamente a este Benavilense.
Ali se refere que jaime Velez foi muito novo. com cerca de sete ou oito anos, viver para o Cano, onde acabou por falecer, ainda novo, " a 2 de Maio de 1955...no palheiro onde dormia, no Rossio, ...queimado ( a certidão o confirma) e muito provavelmente embriagado, o poeta-ganhão que tragava copos de vinho para esquecer o trago amargo da vida..."
Posto isto, vou reproduzir mais umas décimas extraídas do livro acima referido:
Mote:
Lá dentro do cemitério
Ouvi um melro cantando,
Na rama dos aciprestes
Que estava os mortos velando.
Com toda a força e rijeza
O seu cante retinia
Cantava com alegria
Aonde só há tristeza
Todo o luxo e grandeza
Finda no campo funéreo
Não há mais triste mistério
Nem pena que tanto agrave
Ouvir cantar uma ave
Lá dentro do cemitério.
Fiquei triste e a pensar
Ainda hoje no mesmo penso
Aonde há tanto silêncio
Ouvir um melro a cantar
Com vontade de chorar
Parei e estive escutando
De certo que veio voando
P'ra aquele lugar tão triste
Aonde só tristeza existe
Ouvi um melro cantado.
Alegre cada vez mais
Aonde ninguém é vivente
Ele cantava alegremente
Ao pé dos tristes mortais.
Aonde só há funerais
É que tu cantar "viestes"
Vai p'ra onde manifestes
Tua alegria sem par
Dá pena ouvir teu cantar
Na rama dos acipestres.
Foi-se pôr de cantoria
Dentro da terra sagrada
Aonde ninguém lhe diz nada
Dormem de noite e de dia.
Aonde ninguém o ouvia
Estão em paz descansando
Ele sempre continuando
Com o seu cantar animado
Por entre a rama poisado
Que estava os mortos velando.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
JÁ BRIU A CASA CLAUDINO!
Foto: Claudino Cartas, o novo empresário avisense
Caludino Cartas trabalhou durante 24 anos na Cooperativa Agricola de Avis. Com o encerramento do armazém por parte daquela Cooperativa, Claudino Cartas resolveu instalar-se por conta própria num ramo que já conhece bem: o comércio a retalho. Situada na Antiga Estrada Nacional, em Avis (242 412 218 - 936 044 164), mesmo junto à bomba de combustivel da Cooperativa, na Casa Claudino encontra-se de quase tudo, de segunda a sábdo, das 08h00 às 12h00 e das 14h00 às 19h00. Lembro-me de por lá ter visto, botas de borracha, redes para vedação, carvão, rações para gado ( câes, gatos, aves), luvas de trabalho, barrricas de plástico, cadeados, ansaimos para cães, óleos Castrol. Vende agora alguns pprodutos que a Cooperativa não tinha, como é o caso da areia para gatos. O melhor mesmo é você passar por lá para ver com os seus próprio olhos.
A curto prazo passará a casa Claudino a explorar também o posto de combustível que por ora é pertença da Cooperativa Agricola de Avis.
Lamenta-se o amigo Claudino que não tenha encontrado ninguém - em nenhum Ministério - que lhe desse as indicações necessárias para ficar apetrechado e autorizado a vender herbicidas, pesticidas e fungicidas.
Será que alguém poderá ajudá-lo com umas dicas?
"DO CASTELO" endereça os votos de maiores venturas a este novo empresário avisense.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
A PRENDA "DO CASTELO"
No primeiro dia útil de 2010 é de toda a justeza que "DO CASTELO" ofereça um docinho muito sumarento aos seus leitores e leitoras.
Esta coisa dos mails é assim: recebem-se aqueles que nem se chegam a abrir dada a sua extensão ( normalmente idenfificados com formato XXXLLL), abrem-se alguns que não valia a pena estarmos a perder tempo, e chegam alguns que são deveras interessantes. O meu amigo Pedro - olá Pedro, como vai? um abraço! - enviou-me uma pequena preciosidade que quero partilhar convosco.
Clicando abaixo terá acesso a uma enormidade de terras do nosso país. Depois, clicando na terra escolhida terá acesso a uma galeria de fotos e clicando nas fotos saberá um pouco mais acerca dessas terras.
Mate saudades, reveja o antigo Jardim do Mestre, em Avis, comente e leia o que o "sombranegra" escreveu sobre o mesmo. Seja curioso!
Divirta-se e tenham todos, sem excepção, um bom ano.
O sítio é este e vale a pena roubar uns minutos ao patrão, para o visitar.
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sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
CESTAS DE POESIA ( CI )
Tal como tinha anunciado, "esgotou-se-me" o stock de recolhas feitas junto dos poetas do nosso concelho. Sei que ainda por aí há mais para recolher. Irei fazê-lo mas não sei quando. Assim, irei agora falar de alguns poetas, igualmente "nossos", mas já com obra editada.
Para começar falarei daquele que para mim terá sido o maior poeta popular, repentista, nascido no concelho de Avis: JAIME VELEZ, "O MANTA BRANCA".
Para nos situarmos no espaço e no tempo, vou servir-me do Livro "Cosme de Campos Callado - O Homem e a Obra - 1948-2008", com edição da Fundação Abreu Callado, em Dezembro de 2008. Na página 36 e sob a responsabilidade de Fernando Máximo, escreve-se:
" ...Jaime Velez, por alcunha "O Manta Branca", nascido em Benavila a 30 de Julho de 1894. Jaime Velez foi ganhão e era analfabeto. No entanto, tinha uma veia poética e repentista que lhe permitia em qualquer situação responder a um desafio, versejando sempre...... São diversos os episódios conhecidos que fazem parte da sua longa história de vida. Um dos mais repetidos e que merece ser mencionado, prende-se com o facto de em certa ocasião, na casa do seu patrão se ter feito uma grande festa e estando inclusivamente entre os convidados um ministro. Jaime foi instado a que dissesse uns versos para animar a festa. Resistiu quanto pôde, mas achando ali mais uma oportunidade de poder defender os trabalhadores e zurzir no poder instalado, acabou por aceder depois do patrão lhe ter assegurado que nenhum mal lhe adviria. E disse então a seguinte quadra:
Não vejo senão canalha
De banquete para banquete,
Quem produz e quem trabalha
Come açordas sem "azête"
Depois, de modo repentista, vieram os restantes versos que compunham as décimas:
Ainda o que mais me admira
E penso vezes a miúdo:
Dizem que o sol nasce para tudo
Mas eu digo que é mentira.
Se o pobrezinho conspira
O burguês com ele ralha,
Até diz que o põe à calha
Nem à porta o pode ver.
A não trabalhar e só comer
Não vejo senão canalha!
Quem passa a vida arrastado
Por se ver alegre um dia
Logo diz a burguesia
Que é muito mal governado,
Que é um grande relaxado,
Que anda só no bote e "dête".
Antes que o pobrezinho "respête"
Tratam-no sempre ao desdém
E vê-se andar, quem muito tem,
De banquete para banquete.
É um viver tão diferente
Só o rico tem valor.
E o pobre trabalhador
Vai morrendo lentamente.
A fraqueza o põe doente
E a miséria o atrapalha;
Leva no peito a medalha
Que ganhou à chuva e ao vento
E morre à falta de alimento
Quem produz e quem trabalha
Feliz de quem é patrão
E pobre de quem é criado
Que até dão por mal empregado
O poucochinho que lhe dão.
Quem semeia e colhe o pão
Não tem aonde se "dête",
Só tem quem o "assujête"
Para que toda a vida chore,
E em paga do seu suor
Come açordas sem "azête" "
Será pois com poesia deste quilate que irei preencher as próximas "Cestas de Poesia".
Penso que não poderia haver melhor maneira de começar, poeticamente falando, o ano de 2010.
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