À partida, todos quantos nos empenhámos neste projecto da recolha de produtos para o Banco Alimentar Contra a Fome receávamos que a “colheita” desta vez fosse menor. A crise grassa dia após dia, agarrando cada vez mais pessoas nas suas garras devoradoras. Às famílias restaM cada vez menos euros para poderem dar, por pouco que seja. Mas a verdade é que a humanidade tem esta característica extraordinária de responder quando é necessário. Há crise? Há crise sim senhor, mas vamos responder a esta crise com a doação daquilo que pudermos dar.
… E era isso que se pedia: que cada um desse aquilo que pudesse dar. É claro que houve os “crónicos” que continuam a não querer dar, não porque não tenham posses económicas para tal, mas por opção. Confesso que daqueles que semestralmente por mim passam e que não dão, desta vez continuaram a não dar, não tendo eu, assim, conseguido “virar” nenhum deles e delas para esta causa que me parece de todo justa e necessária. Aí confesso que me senti frustrado.
Mas não nos percamos. Ao meio-dia de sexta fazíamos em Avis as primeiras projecções. O desânimo do começo dera lugar á esperança de uma boa recolha. À meia tarde de sexta já havia a esperança de se poderem ultrapassar os 846 quilos obtidos em Maio deste ano. Isto em relação aos dois minimercados de Avis onde havia um controlo mais directo das coisas. Depois havia o resto: pela primeira vez estendeu-se a campanha a todas as mercearias da freguesia de Avis, no pressuposto que o que se conseguisse arranjar viria por acréscimo. Sem nenhum elemento humano identificado como fazendo parte do Banco calhou aos donos dos estabelecimentos colaborarem indicando aos seus fregueses e freguesas o que se estava a passar e convidando a que depositassem numa caixa identificada com um cartaz do Banco as suas dádivas. Mas desses não tínhamos feedback: éramos poucos voluntários e não tínhamos como ir dar a volta às mercearias mais pequenas de Avis. Tínhamos, isso sim, esperança que, a exemplo do que acontecera em Maio, o Ervedal respondesse positivamente mantendo ainda a esperança que no Alcórrego e em Aldeia Velha ( que já meestava aesquecer), onde fomos agora pela primeira vez, as coisas corressem de feição.
Fechámos a sexta-feira em alta. Uma carrinha da Associação Gente ficara muito bem composta. Era opinião unânime de que as coisas estavam a correr pelo bom caminho.
Sábado é normalmente mais fraco, as pessoas já deram noutro local, são poucas e quase sempre as mesmas, algumas lá dão uma segunda vez, mas mesmo assim e apesar de tudo, o sábado também ultrapassou as expectativas. À noite, para se levarem os produtos para a Sede do Banco em Portalegre, foi necessário deslocar duas carrinhas. O êxito estava assegurado. Só faltava saber por quanto se tinha batido os anteriores números.
A sede do Banco Alimentar contra a Fome, em Portalegre, era às 20 horas um corrupio de gente. Carrinhas carregadas chegavam e eram despejadas, sendo as mercadorias pesadas e depois transportadas para uma enorme mesa onde algumas dezenas de voluntários se encarregavam de as separar e colocar nos sítios certos: massas, arroz, farinha, enlatados, salsichas, leite, etc. Tudo dividido.
- Óh! Rapaziada, arranjem lá aí 100 gramas para Avis! Faltam 100 gramas para os 1.117 quilos!
Uf! Esfregamos as mãos de contentes. Ultrapassáramos largamente os tais 846 quilos de Maio e até ultrapassámos a barreira psicológica da tonelada.
A seguir, já se pesava o que viera de Sousel, quando o Eng. Bacharel, Presidente do Banco, nos convida para irmos lá acima jantar. E vamos e comemos: arroz de pato e morcela cozida e cacholeira e vinho tinto e pão. Também havia feijoada, bolos, doces, café. O Engenheiro explica:
- Nós pedimos aos restaurantes da cidade que depois nos dão estas refeições para os voluntários que aqui vêm jantarem…
Na parede, à entrada da sala de refeições, um cartaz com o nome dos colaborantes.
Temos pressa em regressar já que a nossa missão, neste dia, terminou. Alguns queriam ir ver o Sporting – Porto, daí a pressa, mas não partimos sem antes termos já ajudado na distribuição de bens pelos diversos locais de arrumo.
Hoje analisamos um gráfico colocado no “Facebook” do Banco Alimentar contra a Fome – Portalegre e sentimo-nos felizes por saber que contribuímos para que esta tivesse sido a maior recolha de sempre do Banco em Portalegre: 37 119 Kg contra os 24 684 Kg de Maio deste ano.
Hoje analisamos um gráfico colocado no “Facebook” do Banco Alimentar contra a Fome – Portalegre e sentimo-nos felizes por saber que contribuímos para que esta tivesse sido a maior recolha de sempre do Banco em Portalegre: 37 119 Kg contra os 24 684 Kg de Maio deste ano.
Ficamos com essa estranha sensação de pressa que chegue Maio para que possamos de novo dar o melhor de todos nós por esta causa. E se possível com mais voluntários para o peditório de modo a que ninguém tenha que fazer oito horas por dia, como aconteceu desta vez com dois voluntários em Avis.
Em nome de todos que participaram activamente nesta iniciativa – pedindo, dando, abrindo as portas dos seus estabelecimentos ao “nosso Banco” – o obrigado da gente anónima que irá beneficiar destas ofertas e poder passar uns dias menos sombrios.
Apesar de tudo, é bom ser-se voluntário!

GRÁFICO: EVOLUÇÃO DAS DÁDIVAS NO BANCO ALIMENTAR DE PORTALEGRE