sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

CESTAS DE POESIA - V

Foto: "...lá estava ele a enfeitar com fósforos e cola mais um frasco da sua vasta colecção."


Com a última sexta-feira de Fevereiro chega ao fim o mês de "CESTAS DE POESIA" que dediquei a esse velho amigo ( não confundir com amigo velho) que se chama JOÃO JOAQUIM CARRILHO. Fui visitá-lo há bocadinho e lá estava ele a enfeitar com fósforos e cola mais um frasco da sua vasta colecção. Quase tão vasta como a colecção de posia que sabe de cor.

Vou-lhes dizer um segredo: convidou-me para amanhã passar lá por casa para beber um copo pois que faz, precisamente amanhã, 64 anos de casasdo. Disse-lhe que sim, que iria e fui andando a pensar que casamentos assim não são destes tempos. Penso eu...

É pois com tristeza que passo a transcrever a última poesia em décimas "ensinada" pelo Sr. João. É um pouco triste mas é assim:

EM CIMA DA SEPULTURA
VÓS, MENINO, DORMIA
ACOMPANHANDO SUA MÃE
DEBAIXO DA TERRA JAZIA!
I
JÁ NÃO SE PODE ESCREVER
ESTA CENA DE PAIXÃO
ATÉ CORTA O CORAÇÃO
ISTO QUE EU VOU DIZER;
SENTI MEU CORPO A TREMER
NUMA NOITE FRIA E ESCURA
VI NO CEMITÉRIO UMA FIGURA
FUI LÁ VER SE ERA VIVENTE
VI DEITADO UM INOCENTE
EM CIMA DA SEPULTURA!
II
MENINO QUE FAZER AÍ
NESTE LUGAR E NÃO TENS MEDO?
ELE ME APONTOU COM O DEDO:
CALE-SE QUE MINHA MÃE ESTÁ AQUI!
ENTRE ATERRA E CÉU EU VI
UMA NUVEM TÃO SOMBRIA
SÓ O RUMOR QUE SE OUVIA
O TRISTE MOCHO A PIAR
DEITADINHO A RESSONAR
VÓS, MENINO, DORMIA!
III
“ENGOUFADINHO” NO CHÃO
ABRAÇADO À TERRA FRIA
JULGANDO QUE ABRAÇARIA
SUA MÃE DO CORAÇÃO
NUMA GRANDE AFLIÇÃO
GOSTANDO MAIS QUE NINGUÉM
CHORANDO ÀS VEZES TAMBÉM
MUITA LÁGRIMA SEM ESPERANÇA
ALI ESTAVA UMA CRIANÇA
ACOMPANHANDO SUA MÃE!
IV
TRÊS VEZES PELA MÃE BRADOU
ELA ONDE ESTAVA OUVIA
MAS A MÃE NÃO RESPONDIA
ABRIU-SE A CAMPA E ESTALOU
CORPO MIRRADO SE LEVANTOU
PEGANDO NO FILHO E DIZIA
VEM PARA A MINHA COMPANHIA
NO SEPULCRO NINGUÉM NOS PROCURA
EXCLAMAVA A MÃE DEFUNTA
DEBAIXO DA TERRA JAZIA!

AUTOR : DESCONHECIDO


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

FOTO/CURIOSIDADE

Foto: " ...o que haverá dentro do próprio Jardim?"


A curiosidade que vos deixo é simplesmente esta: se para lá do JARDIM existe a floresta florida que a foto nos mostra, o que haverá dentro do própio Jardim?
(Jardim - Portagem - Marvão)

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A FARMÁCIA MUDOU DE "POISO"

Foto:"FRAMÁCIA NOVA DE AVIZ...é ... na Rua 1º de Maio."

A partir de hoje, segunda-feira, a farmácia de Avis mudou de “poiso” e mudou de nome. De “Farmácia Coelho dos Santos” no Largo Miguel Bombarda, passou a ostentar o nome de “FARMÁCIA NOVA DE AVIZ” e a sua morada é agora na Rua 1º de Maio.
A pouco e pouco a zona histórica de Avis vai ficando isso mesmo: mais histórica. O centro da vila desloca-se cada vez mais para a zona baixa/nascente. Por aqui já estão em aglomerado a Casa do Glorioso, perdão a Casa do Benfica, um Salão de Cabeleireiro, um Supermercado, um Escritório de Contabilidade, uma Loja de Informática, uma Loja de Roupas, uma Sapataria, um Salão para Festanças, uma Praça de Táxis, Uma Instituição Bancária, um Pavilhão Gimno-desportivo, uma Financeira, uma Ervanária, uma Lavandaria/Engomadeira, uma Associação de Diabéticos, uma Oficina Auto, uma Oficina de Extintores, uma Oficina de Serralharia, um Armazém de Frutas e Legumes, Uma Cooperativa Agrícola, a Sede da Avishorta e o que resta da Zona Agrária de Avis (local onde ainda pode, por exemplo, obter a sua licença de pesca). Juntemos-lhe pois a isto a nova Farmácia, e ficando tudo à mão de semear, poucas dúvidas restam de que realmente agora é por aqui o centro motor de Avis.
Noutros tempos certamente que esse Centro seria lá para os lados da Rua dos Mercadores…era aí que se mercava! Depois, outros tempos houve em que certamente a vida da nossa vila rodava toda á volta do Convento e dos frades da Ordem de S. Bento de Avis e o Largo do Convento seria, por certo â altura, o Centro da nossa terra. Mas os tempos mudam…
Ainda quanto à Farmácia, é notório que, esquecendo mais essa machadada na já pouca movimentação daquela zona de onde provém, a verdade é que, além de instalações novas (que ainda não conhecemos) aqui nos parece ficar mais bem situada. Nas imediações do Centro de Saúde, fica muito mais fácil de contactar por quem dela precisa do que longe do mesmo. Esperemos que o “Z” de Aviz não queira dizer de que vamos voltar ao tempo do antigamente :“ hoje não temos, volte cá amanhã…”
“DO CASTELO” deseja as maiores venturas a todos quantos fazem parte da equipa da “FARMÁCIA NOVA DE AVIZ”.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

EFEMÉRIDE

Foto: "Parabéns à AMIGOS DO CONCELHO DE AVIZ - ASSOCIAÇÃO CULTURAL"

Parabéns À AMIGOS DO CONCELHO DE AVIZ – ASSOCIAÇÃO CULTURAL (ACA)

É verdade, a ACA faz hoje dez anos.

…ao que julgo saber, tudo começou com uns encontros para matar saudades, de antigos amigos que a vida tinha separado, e porque a maioria deles tinham passado pelo Colégio de Avis, acontecia que o ponto de concentração era nas instalações do antigo Colégio Mestre de Avis, ali na Praça Humberto Delgado. Começou por ser quase um encontro de elites, chamemos-lhe assim, onde cada qual expunha os seus percursos académicos e de vida para além, é claro, de se matarem muitas saudades com recordações de outros tempos em lautos almoços. Ramiro Lopes, avisense de gema, era convidado para estes encontros mas não lhe parecia que ir apenas para se “mostrar” e almoçar fosse assim tão importante. E então lançou a ideia de que dali, daquele grupo de pessoas, se congregassem ideias no sentido de fazer algo mais palpável do que os referidos almoços. Propôs a criação de uma associação de defesa do património local. Parece que o último almoço, com uma estratégia já previamente definida terá sido num monte das Casas Altas, pertença da D. Piedade.
A ideia vingou, mas houve que ultrapassar muitos obstáculos. Desde logo o nome. “Amigos de Aviz” era um pouco redutor e depois de várias tentativas e por consenso chegaram à conclusão de que “Amigos do Concelho de Aviz” seria mais abrangente e adicionaram-lhe como parte integrante do nome “Associação Cultural”. Outra dificuldade de não somenos importância era arranjar uma sede. As primeiras reuniões foram efectuadas nos Cafés até que em determinada altura, Fernandino Lopes propôs que o espaço da Casa de Cultura, que se encontrava em franco declínio, poderia servir para Sede simultânea da ACA e da Casa de Cultura. A ideia inicialmente não foi muito bem acolhida por parte dos elementos da Casa de Cultura que, viam nesse facto uma forma de esvaziamento da Casa de Cultura. Ao fim e ao cabo acabaram por abandonar a Casa de Cultura e não se associaram à ACA. A proposta de Fernandino Lopes acabou por se concretizar e hoje a Sede das duas Associações é no mesmo espaço, ali na Serpa PInto e não há interferências entre elas, resultando, isso sim, uma certa interligação com a realização de algumas parcerias bem sucedidas.
Voltando ainda aos primórdios da ACA o símbolo também foi um quebra-cabeças, mas o produto final foi feliz. Se repararem ele representa uma roda de amigos de mãos dadas.
No ano de 2002 foram eleitos os primeiros órgãos sociais da ACA e esta, a fazer fé no Jornal “Aponte” tem neste momento cerca de 250 sócios. O site foi e continua a ser remodelado como poderá perceber quem visitar http://www.aca.com.sapo.pt/
Passo a transcrever o nome daqueles que em 23 de Fevereiro de 1998 subiram a escadaria que dá acesso ao cartório Notarial para, perante o Dr. José Henriques Alves, notário em Avis, outorgarem a escritura de constituição da ACA:

1º - AMBRÓSIO JOSÉ DUARTE ROSADO
2ª – MARCELINA DAS NEVES VARELA
3º - MIGUEL FRANCISCO VARELA PAIS
4º - NORBERTO ANTÓNIO NEVES MAXIMIANO DE OLIVEIRA
5ª – MARIA DA PIEDADE VARELA DIAS
6º - RAMIRO JOSÉ FERREIRA LOPES
7ª – HELENA MARIA CARREIRA GIL DE FIGUEIREDO AREZ
8ª – FRANCISCA DE JESUS CORREIA Y MENDES FERRAZ
9º - SIMÃO REBOCHO VELEZ
10º - MANUEL AUGUSTO ROSENDO RIBEIRO CABRAL
11º - JOAQUIM AUGUSTO VARELA DA COSTA
12º - FERNANDINO EMANUEL GODINHO LOPES
13ª – JOANA GOMES VARELA DE OLIVEIRA DIAS
14º - JOAQUIM ANTÓNIO PRATES FEITEIRA


Destes 14 “heróis” por motivos vários 5 já não são sócios da ACA.

Permitam-me que de entre eles destaque três nomes.

- Marcelina das Neves Varela que teve de desembolsar bastante do seu próprio capital no início da ACA.
- Ramiro José Ferreira Lopes que soube ter a grande visão de quanto era importante fazer algo mais do que almoços e convívios de saudades.
- Fernandino Emanuel Godinho Lopes o elo de ligação, por vezes incompreendido, que conseguiu com a sua persistência arranjar uma Sede condigna para a ACA. Desde então não mais a abandonou e tem sido membro permanente e activo da Direcção, fazendo crescer a Associação que ajudou a nascer.
Muito mais haveria para dizer sobre a ACA, mas a sua história completa só poderá ser contada por quem a conhecer bem e como ela, (ACA), nos surpreende amiudadadas vezes, teremos que esperar ainda muitos anos para um balanço final.
“DO CASTELO” endereça parabéns a todos os que fazem parte da AMIGOS DO CONCELHO DE AVIZ – ASSOCIAÇÃO CULTURAL com votos de que continue a ser uma defensora do património concelhio em todas as suas vertentes.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

CESTAS DE POESIA

Ainda JOÃO JOAQUIM CARRILHO.....o poeta de FEVEREIRO!

MOTE:
NUMA BELA MADRUGADA
AO OUVIR CANTAR CHOREI
MINHA BELA MOCIDADE
QUE MAIS MOCINHA A DEIXEI!
I
ESTAVA NA CAMA DEITADO
COM A MINHA COMPANHEIRA
E OUVI UMA VOZ FAGUEIRA
NA RUA CANTANDO O FADO;
DEI ATENÇÃO UM BOCADO
À BELA RAPAZIADA
QUE ANDAVA NA PANGALHADA
DOS QUE ERAM AMADORES
CANTANDO CANÇÕES DE AMORES
NUMA BELA MADRUGADA!
II
AQUELES ECOS DO CANTOR
ALI NAQUELA OCASIÃO
CHEGARAM-ME AO CORAÇÃO
CAUSANDO-ME PENA E DOR,
COISA QUE EU DEI TANTO VALOR
COISA QUE EU TANTO GOSTEI
AGORA AQUI FICAREI
NÃO POSSO DAQUI SAIR
NÃO ME POSSO DIVERTIR
AO OUVIR CANTAR CHOREI!
III
DEPOIS DEIXEI DE OS OUVIR
FORAM PARA OUTRO LADO
FIQUEI TÃO CONTRARIADO
QUE NUNCA MAIS PUDE DORMIR
LEVANTEI-ME E QUIS SAIR
CHEIO DE LOUCA VAIDADE
MAS PENSANDO NA VERDADE
ISTO A MIM NÃO ME ESTÁ DADO
AGORA JÁ SOU CASADO
MINHA BELA MOCIDADE!
IV
A COMPANHEIRA ENTENDEU
QUE EU HÁ TEMPO NÃO DORMIA:
ESTÁS PENSANDO NA ORGIA
DEIXA-TE ESTAR AQUI MAIS EU
IGUALMENTE ME “ASSUCEDEU”,
TU CASASTE E U CASEI
TU GOZASTE E EU GOZEI;
ISSO TINHA QUE ACABAR
RAZÃO TENHO EU PARA CHORAR
QUE MAIS MOCINHA A DEIXEI!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

EFEMÉRIDE(???)

Foto: "... exemplar do REGULAMENTO INTERNO DA HERDADE COLECTIVA 21 DE FEVEREIRO..."


De volta dos meus alfarrábios, dei com esta pequena preciosidade que já faz história. Grande ou pequena, cada um dar-lhe-á a dimensão da sua “história” vivida à época. Confesso que por vezes fico surpreendido com o que vou achando. Nunca entrei em nenhuma ocupação revolucionária, mas o certo é que tenho em meu poder um exemplar do “REGULAMENTO INTERNO DA HERDADE COLECTIVA 21 DE FEVEREIRO”, de Benavila. Como tantas outras Herdades Colectivas e Cooperativas, acabou por se extinguir, desaparecer. A única que conheço (certamente não será um caso isolado) que ainda se aguentou até aos nossos dias é a Cooperativa 29 de Julho de Aldeia Velha.
Não consegui apurar em tempo útil o porquê de “21 de Fevereiro”. Deduzo que talvez tenha a ver com a data da constituição da escritura da Unidade Colectiva. Fará hoje anos? Confesso que não sei.
Passo a reproduzir, aleatoriamente escolhidos, um artigo de cada capítulo do referido Regulamento.

Regulamento Interno


- A Herdade Colectiva 21 de Fevereiro (H.C.) tem sede social na freguesia de Benavila, concelho de Avis e está circunscrita aos seguintes prédios rústicos: Azinheira, Barrocas, Benavila (Herdade da Vila), Bonejos, Canejos, Castelo e Siné, Chafariz e anexos Minas e Santo Antão, Cordeira e Monte da Estrada, Coutada, Cova, Cumeada, Freiras, Marmeleiro, Outeiro das Freiras, Parreira, Passarinhos, Pereira, Provença, Torrejana de Baixo, Torrejana de Cima e Vale Bom.

Fins

- A H.C. tem por objectivo a cultura da terra com finalidades agrícolas, pecuárias e florestais, visando a intensificação da produção, o aumento de produtividade do trabalho e a aplicação dos princípios da gestão colectiva, como meio para elevar o nível de vida dos seus membros, para desenvolver a economia nacional e para implantar as relações democráticas de produção.

Admissão e saída de Trabalhadores

- Podem ser admitidos como membros desta H.C. os operários agrícolas, homens ou mulheres, e outros trabalhadores, sendo obrigatória a sua filiação no sindicato agrícola.

Direitos e deveres

17º - Os trabalhadores têm por dever trabalhar interessadamente para a realização dos fins da H.C. e em especial:
……
c) – Defender e utilizar racionalmente todos os bens da H.C. e estatais do seu serviço;
…..
F – Defender os interesses e o prestígio da H.C., e não divulgar a título especulativo os assuntos internos.

Sanções

19º - 1 – A nenhum membro da H.C. poderão ser aplicadas sanções sem que o mesmo tenha sido ouvido pela Comissão Directiva ou ter uma comissão de inquérito especialmente formada em Assembleia Geral de Trabalhadores

Meios de Produção

20º - Todos os bens e valores da H.C., gado, máquinas, alfaias, sementes, construções, etc. são pertença do colectivo.

Princípios financeiros

22º - Os fundos financeiros resultam das vendas dos produtos produzidos pela unidade colectiva de produção ou de créditos e subsídios concedidos pelo estado ou por outras unidades colectivas, bem como de quaisquer formas de solidariedade e apoio à Reforma Agrária.

Organização do Trabalho, horários, remuneração de trabalho, férias

27º
- A prestação de serviço fora da H.C. será decidida, e definidas as suas condições, em Assembleia Geral de Trabalhadores, cabendo a responsabilidade desses serviços ao conjunto da H.C.. è a H.C. quem recebe as correspondentes remunerações.

Assembleia Geral de Trabalhadores

31º
- A A.G. é o órgão supremo da H.C. poderá e discutir e deliberar sobre quaisquer assuntos. Compete-lhe esclusivamente:
…………….
d) – Admitir, suspendes por períodos entre 4 a 30 dias e expulsar membros da H.C.
……..

Comissão Directiva

41º - A C.D. será composta por 10 (dez) elementos, um dos quais será eleito coordenador tendo voto de qualidade.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

"VITIMAS DE VIOLÊNCIA" - NA SEDE DA ACA

A ACA teve a amabilidade de me convidar e eu, por achar o tema a debate tão interessante e actual, torno-o, por minha responsabilidade, extensivo a todos vós:

Café com Letras

CONVITE

Vítimas de Violência

A Violência é um comportamento que causa dano a outra pessoa, ser vivo ou objecto. Através da violência nega-se autonomia, integridade física ou psicológica e mesmo a vida de outro. A violência pode ser exercida de diversas formas: física, psicológica, política, verbal, infantil, doméstica, etc.

A propósito da Comemoração do Dia Europa da Vítima, que se comemora no dia 22 de Fevereiro,...

É este o tema que será debatido no próximo dia 21 DE FEVEREIRO (quinta-feira) no “Café com Letras” da Amigo do Concelho de Aviz – Associação Cultural.

Temos, pois, o grato prazer de o(a) convidar a assistir a esta conferência que se realiza na sede da ACA-AC, sita na Praça Serpa Pinto, n.º 11 em Avis, pelas 18 horas e que terá como conferencistas LUCÍLIA CARVALHO (sold/GNR de Ponte de Sôr) e AMÉRICO BRAVO (Sarg/GNR de Avis).

Avis, 12 de Fevereiro de 2008.

O Presidente da Direcção

Francisco Alexandre



DIA EUROPEU DA VÍTIMA
22 DE FEVEREIRO

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

EFEMÉRIDE

ANTÓNIO ALEIXO : 18/02/1899-16/11/1949



ANTÓNIO Fernandes ALEIXO nasceu em Vila Real de Santo António em 18 de Fevereiro de 1899, ou seja faz hoje precisamente 109 anos. Faleceu em Loulé a 16 de Novembro de 1949, vítima de tuberculose, doença que anos antes vitimara uma sua filha.
ANTÓNIO ALEIXO é muito justamente considerado um dos melhores poetas populares portugueses. A sua obra ainda não se encontra toda compilada, sendo que está dispersa por diversos pontos do Algarve. Parte foi destruida após a sua morte pois que vários cadernos de poesias foram cremados como meio de defesa contra o vírus infeccioso da doença que o dizimou.
Era possuidor de grande espontaneidade e de um apurado sentido filosófico. Foi guardador de cabras, tecelão, guarda de polícia, servente de pedreiro que exerceu enquanto emigrado em França. De volta ao seu Algarve, radicaliza-se em Loulé, para se dedicar à venda de cautelas. Daí também ser conhecido como poeta cauteleiro.
São famosas as suas quadras de grande alcance crítico.
Como forma de homenagem, “DO CASTELO” deixa aqui seis quadras, propositadamente das menos conhecidas por serem igualmente merecedoras do nosso aplauso.


Fala quanto te apeteça
Mas desculpa que eu te diga
Que te falta na cabeça
O que sobra em barriga

Deixam-me sempre confuso
As tuas palavras boas,
Por não te ver fazer uso
Dessa moral que apregoas

P’ra que tentaste subir
Tão alto, mulher vaidosa?
Quem sobe assim vai cair
Na lama mais vergonhosa…

Foste por mim ofendido,
Desculpa se fiz tolice,
Que já estou arrependido
Das verdades que te disse.

Tu não me emprestas dinheiro
Porque não tenho vintém;
Mas se to pede um banqueiro
Quer vinte, ofereces-lhe cem.

Quantas sedas aí vão,
Quantos brancos colarinhos,
São pedacinhos de pão
Roubados aos pobrezinhos!
Da sua autoria estão publicadas as seguintes obras:

Quando começo a cantar – (1943);
Intencionais – (1945);
Auto da vida e da morte – (1948);
Auto do curandeiro – (1949);
Auto do Ti Jaquim - incompleto (1969);
Este livro que vos deixo – (1969) - reunião de toda a obra do poeta;
Inéditos – (1979).

domingo, 17 de fevereiro de 2008

QUADRA ILUSTRADA

Foto/Quadra:
OLH'Ó PARDAL DO TELHADO
MAS QUE ESPERTINHO QUE ELE É:
PARA NÃO FICAR MOLHADO
ACOLHE-SE À CHAMINÉ...
Foto e quadra: "DO CASTELO"

sábado, 16 de fevereiro de 2008

JUSTI(Ç)A SEJA FEITA!!!!!

"DO CASTELO" congratula-se com o facto da "estafada" blogosfera avisense se ver renascida com mais um blogue local. Dou os meus parabéns e boas vindas ao seu(sua) autor(a) e penitencio-me por só agora o fazer mas a verdade é que também só agora tomei conhecimento do mesmo. De liguagem acessível, compreensível e comentário oportuno vou ser seu seguidor assíduo. Que venha por muitos anos e com vontade de "escrevinhar" todos ou quase todos os dias.
Para que conste aqui fica o endereço: http://justiasejafeita.blogspot.com

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

CESTAS DE POESIA

Continuemos com esse "filão" de sabedoria popular de Avis que dá pelo nome de JOÃO JOAQUIM CARRILHO. Porque ontem foi dia dos namorados deixo-vos esta descrição poética de um arranjinho que quase ia dando em namoro e que o meu amigo João Carrrilho me "ditou". Então é assim:
A CRIADA E O PATRÃO


Ó CRIADA TU NÃO SABES
AS DORES QUE MEU PEITO SENTE
QUANDO OIÇO A TUA FALA
FICO LOUCO DE REPENTE
NOS DIAS QUE TE NÃO VEJO
EM CASA NÃO ESTOU CONTENTE!

AS GRAÇAS DO MEU PATRÃO
DÃO-ME VONTADE DE RIR
NÃO ME ESTEJA COM CHALAÇAS
QUE A PATROA PODE OUVIR
EU CUMPRO C’OS MEUS DEVERES
ASSIM FAZ QUEM ANDA A SERVIR!

A PATROA ESTÁ DORMINDO
NÃO OUVE O QUE A GENTE DIZ
FAZ O SERVIÇO BEM FEITO
QU’INDA PODES SER FELIZ
LÁ NO DIA DOS MEUS ANOS
IRÁS COMIGO A PARIS!

ISSO É QUE EU ESTAVA P’RA VER
QUE TINHA QUE IR AO ESTRANGEIRO
PARA FAZER TAL VIAGEM
PATRÃO, NÃO TENHO DINHEIRO:
TENHO OS MEUS TRÊS GUARDADINHOS
FECHADOS NO MEALHEIRO!

ESSE TRÊS Ó DIOLINDA
QUE TU TENS EM TEU PODER
QUAL É QUE HÁ-DE SER O DIA
QUE M’OS HÁS-DE DEIXAR VER
TENHO CORAGEM E DINHEIRO
PARA O MEALHEIRO ENCHER!

A PATROA TAMBÉM TEM
O MEALHEIRO JÁ USADO
AINDA HÁ POUCO EU LHO VI
ESTAVA TODO ESCANGALHADO
É DO PESO DO DINHEIRO
QUE O PATRÃO LHE TEM DEIXADO!

HÁ MUITO TEMPO QUE EU NÃO
FAÇO CASO DA SENHORA
DA CONVERSA QUE NÓS TEMOS
ELA NÃO É SABEDORA
DÁ-ME UM BEIJO Ó DIOLINDA
DA TUA BOCA ENCANTADORA!

A CONVERSA NÃO ME AGRADA
NÃO ESTOU NADA SATISFEITA
BEIJAR UM HOMEM CASADO
O QUE TEM QUE SE LHE APROVEITA?
SOU AMIGA DA SENHORA
NÃO LHE FAÇO ESSA DESFEITA!

COMIGO NÃO PERDES NADA
DIOLINDA MEU AMOR
SE ME FIZERES A VONTADE
DOU-TE PRENDA DE VALOR
DÁ-ME UM BEIJO Ó DIOLINDA
E ABRANDA-ME ESTE CALOR!

SE EU AGORA LHE PEDISSE
UMA FORÇA DE DINHEIRO
O PATRÃO JÁ HOJE QUERIA
VER O FUNDO AO MEALHEIRO
QUER QUE LHE FAÇA A VONTADE?
DÊ-ME O QUE EU LHE PEÇO PRIMEIRO!

SE TU QUERES Ó DIOLINDA
VEM-ME A VONTADE FAZER
PEGA DUZENTOS MIL RÉIS
COMPRA O QUE TE APETECER
QUE EU QUERO BREVEMENTE
NESSES TEUS BRAÇOS MORRER!

O PATRÃO JÁ ESTÁ ENTREGUE
A ESSA DITA PESSOA
É PRECISO COMBINARMOS
NÃO FAZER COISAS À TOA
NÃO QUERO ABALAR DE CASA
POR TER QUEIXAS DA PATROA!

ISTO ARRANJA-SE BEM
LOGO Á HORA DO MEIO-DIA
PONHO-ME A BRINCAR CONTIGO
E A PATROA DESCONFIA
SE NÃO SE ARRANJAR HOJE
AMANHÃ POR TODO O DIA...

O PATRÃO JÁ ESTÁ ENTREGUE
JÁ ESTOU LIVRE DESSE PERIGO
NÃO ATEIME QUE É PIOR
NÃO SE META CÁ COMIGO
JÁ LHE APANHEI O QUE QUERIA
NÃO QUERO NADA CONSIGO!

Ó CACHOPA DO DIABO
O QUE É QUE ESTÁS A DIZER?
DÁ-ME CÁ O MEU DINHEIRO
OU EU TE MANDO PRENDER
OU PEGO NUM FUEIRO
E DOU PORRADA A VALER!

NÃO ME ESTEJA AMEAÇANDO
QUE EU DE SI NÃO TENHO MEDO
NÃO SE CHEGUE MUITO A MIM
QUE PARA ISSO AINDA É CEDO
JÁ LHE APANHEI O QUE EU QUERIA
E O PATRÃO CHUCHA NO DEDO!
(Autor desconhecido)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

NO DIA DOS NAMORADOS...

Mulheres

Martinho da Vila

Já tive mulheres
De todas as cores
De várias idades
De muitos amores
Com umas até
Certo tempo fiquei
Prá outras apenas
Um pouco me dei...
Já tive mulheres
Do tipo atrevida
Do tipo acanhada
Do tipo vivida
Casada carente
Solteira feliz
Já tive donzela
E até meretriz...
Mulheres cabeça
E desequilibradas
Mulheres confusas
De guerra e de paz
Mas nenhuma delas
Me fez tão feliz
Como você me faz...
Procurei
Em todas as mulheres
A felicidade
Mas eu não encontrei
E fiquei na saudade
Foi começando bem
Mas tudo teve um fim...
Você é
O sol da minha vida
A minha vontade
Você não é mentira
Você é verdade
É tudo o que um dia
Eu sonhei prá mim...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

IMAGENS DOS NOSSOS CAMPOS

Foto: ..."captei a imagem das primeiras papoilas abertas que vi este ano"

Contrariamente ao que aconteceu ontem e hoje, em que um vento frio e desagradável nos tem lembrado que estamos no Inverno, a verdade é que este tem sido bem mais Primaveril do que Invernoso. As temperaturas elevadas para a época tem adiantado a floração e na semana passada, nas bermas da estrada que nos conduz a Sousel, captei a imagem das primeiras papoilas abertas que vi este ano. Habitualmente tal só acontece lá para fins de Março/Abril.
Pouco interessada com flores está a ASAE que ao que consta ontem passou por Avis e fez mossa. Porque não sei ao certo o quê, deixo a notícia no ar e cada qual que tente saber - se isso lhe interessar minimamente - o que aconteceu.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

CESTAS DE POESIA

Continuemos ainda hoje com JOÃO JOAQUIM CARRILHO, dando a conher mais umas "décimas" aprendidas há muitas dezenas de anos, e cujo autor, desconhecido, se perdeu no pó dos tempos. Como já aqui afirmei, João Joaquim Carrilho é "um poço sem fundo", de onde é sempre possível tirar mais alguma água que possa saciar a nossa sede de aprendizagem.

Fale com o Sr. João e comprove você mesmo(a). Procure-o ali para a Rua do Convento!



MOTE:

SENDO TU RICA E EU ARTISTA
SEM MIM NÃO PODES PASSAR,
ENQUANTO EU TIVER VIGOR
PARA TI HEI-DE TRABALHAR!
I
QUANDO NO MUNDO ME VI
DA POBREZA REVESTIDO
COM ELA TENHO APRENDIDO
MESMO ESTE POUCO QUE SEI
SEMPRE PARA TI TRABALHEI
QUE EU NUNCA TIVE OUTRAS VISTAS
SOU DO GRUPO DOS CICLISTAS
SINTO FORÇA NOS MEUS BRAÇOS
PRECISAS DE TUDO QUANTO EU FAÇO
SENDO TU RICA E EU ARTISTA!
II
QUANDO NO MUNDO ME VISTE
LOGO DE MIM PRECISASTE:
FIZ-TE O BERÇO ONDE TE ABANASTE
E A CAMA ONDE DORMISTE
FIZ-TE O FATO QUE VESTISTE
FIZ-TE AS BOTAS PARA CALÇAR
PARA APRENDERES A ANDAR
FIZ-TE UM CARRINHO COM RODAS
TENHO FEITO TANTAS MODAS
SEM MIM NÃO PODES PASSAR!
III
FAÇO-TE PRÉDIOS PARA HABITARES
AMASSO O PÃO PARA COMERES
FAÇO LIVROS PARA APRENDERES
E AS LEIS PARA ME CASTIGARES,
FAÇO BARCOS PARA EMBARCARES
SOU NAVEGANTE PESCADOR
SOU HORTELÃO, TRABALHADOR
FABRICO-TE O VINHO QUE BEBES
TUDO QUANTO TENS ME DEVES
ENQUANTO EU TIVER VIGOR!
IV
JÁ QUE NÃO FAÇA MAIS NADA
VOU-TE FAZER UM CAIXÃO
QUE É PARA TE LEVAR À MÃO
À VERDADEIRA MORADA,
VOU-TE FAZER UMA ENXADA
PARA TEU CORPO SEPULTAR
PARA TEUS OSSOS ENCERRAR
VOU-TE FAZER UM JAZIGO
E SEM TER CONTAS CONTIGO
PARA TI HEI-DE TRABALHAR!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

PROVÉRBIOS ILUSTRADOS

Foto/Provérbio: " NÃO HÁ FUMO SEM FOGO" a)

a) Foto obtida nos "Arrabaldes" de Avis - para lá do fundo da Rua dos Mercadores


sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

CESTAS DE POESIA

Foto:" JOÃO JOAQUIM CARRILHO é uma daquelas pessoas com quem dá gosto falar,..."


Com o início de Fevereiro, “DO CASTELO” enceta aqui uma nova rubrica dedicada aos poetas e à poesia, com incidência particular nos chamados poetas populares, cuja poesia raramente é dada a conhecer. A rubrica intitulada de “CESTAS DE POESIA”, terá uma edição irregular (tal como os Provérbios Ilustrados…) mas, quando sair será sempre às sextas (-feiras), para fazer jus ao nome...

Começamos com um Jovem nascido em 11 de Agosto de 1914 e que ainda há menos de uma hora me disse umas quadras sobre o dia dos namorados que já por aí se avizinha. Com esta interessante idade(93 anos feitos), JOÃO JOAQUIM CARRILHO, é uma daquelas pessoas com quem dá gosto falar, pois que se está permanentemente a aprender. Possuidor de uma memória cobiçável (de fazer inveja a qualquer um(a) que leia este Blogue, juro!) sabe de cor dezenas de versos que memorizou em novo. Não sabe fazer poesia mas sabe “montes” de poemas aprendidos na escola da vida dura do campo.
Como homenagem e agradecimento por tudo que me tem ensinado, é pois com JOÃO JOAQUIM CARRILHO que se inicia esta primeira “CESTA DE POESIA”, com umas décimas aprendidas e guardadas na sua memória desde gaiato.
Leiam com atenção, algo que tem mais de oitenta anos.




Título - ENTROU O POBRE E PEDIU
Mote:
ENTROU O POBRE E PEDIU
ONDE ESTAVA O CIDADÃO,
UMA ESMOLINHA A CHORAR
COM O SEU CHAPÉU NA MÃO!
I
EM MÍSERO ESTADO ME VEJO
UMA ESMOLA A PEDIR ANDO
QUEIRA-ME DAR “BEM” JANTANDO
ALGUNS DOS VOSSOS SOBEJOS;
O RICO POR NÃO TER PEJO
FEZ QUE O POBRE NÃO OUVIU
MAS ELE LHE REPETIU:
TENHA DE MIM PIEDADE
UMA ESMOLA POR CARIDADE
ENTROU O POBRE E PEDIU!
II
RESPONDE-LHE O RICO AVARENTO:
PONHA-SE JÁ DAQUI PARA FORA
QUE EU NÃO TENHO TROCO AGORA
NEM QUE LHE DAR DE SUSTENTO
DIZENDO-LHE AO MESMO TEMPO:
VÁ LÁ PARA GUARDA PORTÃO
CHAMANDO-LHE QUASE QUE LADRÃO
A UM POBRE ALEIJADINHO
POR ELE PEDIR COITADINHO
ONDE ESTAVA O CIDADÃO!
III
O POBRE FEZ-SE ABALADO
DA PORTA DO MAL FEITOR
E ENCONTRA UM TRABALHADOR
QUE NA CASA ERA CRIADO:
ANDA CÁ POBRE COITADO
QUERO-TE A FOME MATAR
SENTA-TE AQUI A MEU PAR
EU POBRE ERA E POBRE FICO
NUNCA MAIS PEÇAS AO RICO
UMA ESMOLINHA A CHORAR!
IV
FORAM-SE À MESA SENTAR
DANDO AO POBRE QUE COMER
E O RICO POR RICO SER
UMA ESMOLA LHE QUIS NEGAR;
PENSOU DEUS EM O CASTIGAR
SENHOR DO CONDE BARÃO
SÓ POR TER A PRESUNÇÃO
EM DIZER QUE NÃO PRECISA
CHEGOU A ANDAR SEM CAMISA
COM O SEU CHAPÉU NA MÃO!